Avaliação das
práticas conservacionistas para uma sustentabilidade do meio ambiente
(Original)
Evaluation of
conservation practices for environmental sustainability (Original)
Luís de Purificação Lubendo. Licenciado em Ensino de Biologia. Universidade
Cuito Cuanavale. Angola. luizlubendo20@gmail.com
José Zau Soca Comprido. Licenciado em Ciências da Educação, opção
Pedagogia. Mestre em Metodologias de Ensino. Instituto Superior de Ciências da
Educação de Cabinda. Angola. josecomprido04@gmail.com
Jaime Tchinala Alberto. Licenciado em Ensino de Biologia. Mestrando em
Ciências da Educação, com Especialização em Conservação da Natureza.
Universidade Cuito Cuanavale. Angola. jaimealbertotchinala@gmail.com
Recibido: 31-05-2024/Aceptado: 06-07-2024
Resumo
O artigo tem
por objetivo avaliar as práticas conservacionistas para a sustentabilidade do
meio ambiente nos estudantes do 4.º ano do curso de Ensino de Biologia na
Escola Pedagógica da Universidade Cuito Cuanavale. A metodologia adotada é
qualitativa, com abordagem interpretativa, predominando a combinação de vários
métodos científicos. A pesquisa concluiu que as práticas conservacionistas e as
percepções ambientais avaliadas são consideradas “boas práticas” pelos
entrevistados em suas intervenções. Quanto às embalagens dos defensivos, os
professores afirmaram que deveriam ser submetidas à tríplice lavagem e
devolvidas aos centros de recebimento ou recolha, devido ao perigo que
representam para o meio ambiente.
Palavras-chave:
práticas conservacionistas; avaliação ambiental; sustentabilidade; meio
ambiente.
Abstract
The objective of this article
is to evaluate conservation practices for environmental sustainability among
4th year students of the Biology Teaching course at the Pedagogical School of Cuito Cuanavale University. The
methodology adopted is qualitative, with an interpretive approach,
predominantly using a combination of various scientific methods. The research
concluded that the conservation practices and environmental perceptions
evaluated are considered “good practices” by the
interviewees in their interventions. With regard to pesticide packaging, the
teachers stated that it should be triple-washed and returned to reception or
collection centers, due to the danger it poses to the
environment.
Keywords: conservation practices;
environmental assessment; sustainability; environment.
INTRODUÇÃO
A realização de práticas
conservacionistas é uma tarefa que pode ser feita por indivíduos informados e
educados, capazes de situar a conservação da biodiversidade em um contexto
social, econômico, ecológico e político, tanto em nível local, nacional quanto
global. Portanto, é fundamental reorientar os processos educativos para que a
sociedade compreenda a interdependência entre o ambiente e o ser humano como
parte integrante da biodiversidade. Os grupos sociais devem considerar
cuidadosamente sua relação com o ambiente e como suas ações o afetam.
A prática conservacionista visa
proporcionar um manejo correto do solo, evitando, assim, sua degradação e
conciliando ecologia, agricultura e equilíbrio ambiental. Santos (2015) afirma:
Assim,
o sistema plantio direto compreende um
conjunto de técnicas integradas que visam a melhorar as condições do
agroecossistema e a interação dos componentes água-solo-clima. Os três
requisitos mínimos a serem atendidos são o não revolvimento do solo, a rotação
de culturas e o uso de culturas de cobertura para formação de palhada. Alguns
adeptos ao sistema também adotam o manejo integrado de pragas, doenças e
plantas daninhas. (p.61)
A sustentabilidade dos atuais
sistemas de produção e consumo está em questionamento pela sociedade,
principalmente nos aspectos ambientais e sociais do conceito. Dentro do aspecto
ambiental, existem iniciativas de melhoria no próprio setor sucroenergético,
como o uso do controle biológico de pragas, o aproveitamento de resíduos
agroindustriais e, mais recentemente, a eliminação da queima na operação de
colheita.
Esta
última iniciativa permite a manutenção da palhada remanescente sobre a
superfície do solo e também fortalece a opção de não revolvimento durante o
período de preparo do solo para a reforma, um dos princípios do plantio direto.
Entretanto, mesmo com este panorama, ainda há grande resistência global em
adotar tais práticas, incluindo a fixação biológica do nitrogênio, que pode
reduzir significativamente a dependência da cultura em fertilizantes
nitrogenados, por receio de queda de produtividade e problemas de compactação
do solo. (Ramos, 2024)
A alta demanda por alimentos, bem
como a melhoria das práticas e técnicas na atividade agrícola e sua
modernização, têm incentivado a expansão das áreas no país. Atualmente, a
agricultura, especialmente a horticultura, é altamente tecnificada, favorecendo
assim um aumento na produtividade. No entanto, toda essa estrutura e avanço
agrícola geram vários impactos ambientais, como o desmatamento, a poluição dos
cursos d’água, a erosão, a compactação do solo, a intoxicação por defensivos
agrícolas, a perda da biodiversidade, a fragmentação de áreas, a extinção de
espécies, entre outros. Uma agricultura sustentável, visando aspectos
socioeconômicos e ambientais, possibilita a manutenção dos recursos naturais e
da produtividade agrícola, e gera menos impactos adversos ao meio ambiente.
As motivações para esta pesquisa
partem do intuito de proporcionar aos estudantes do 4.º ano do curso de Ensino
de Biologia na EP-UCC uma percepção adequada e orientada sobre o exercício das
práticas conservacionistas e, simultaneamente, das boas práticas agrícolas,
incluindo o plantio direto, a tecnologia de aplicação bem regulada, além do
respeito às leis ambientais existentes para a proteção da reserva legal e das
áreas de proteção permanente. Estas questões são fundamentais para definir uma
horticultura sustentável e a preservação ambiental, essenciais para o uso
sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos
ecológicos, bem como para a proteção da biodiversidade, fauna e flora nativas.
Um
dos maiores desafios para agricultura sustentável é a mudança da forma de
produzir alimentos. Para superar o desafio da expansão da produtividade e a
manutenção agrícola sustentável, encontra-se atualmente um conjunto de práticas
conservacionistas, que se torna uma alternativa para reduzir os impactos
ambientais da atividade agrícola (Fortini et al., 2020, citado por Silva, 2021, p. 13), “(...) sendo assim um
meio para desenvolver uma agricultura mais sustentável e produtiva” (Silva,
2021, p. 13).
Para Pes e Giacomini (2017):
(...)
as práticas conservacionistas visam à prevenção e recuperação dos solos
agrícolas. De maneira geral, as práticas de conservação do solo devem: (a)
proporcionar uma cobertura do solo, através de plantas vivas ou de seus
resíduos culturais, durante o maior tempo possível; (b) maximizar a infiltração
da água da chuva e/ou de irrigação no solo; (c) evitar o escoamento da água no
sentido do declive. A escolha das práticas é feita em função dos aspectos
ambientais e socioeconômicos de cada propriedade e/ou região. Cada prática,
aplicada isoladamente, previne apenas de maneira parcial os problemas, por isso
o ideal é o uso simultâneo dessas práticas. (p.41)
Na perspectiva de Silva (2021): “as
práticas de conservação são classificadas em três grupos, descritos em práticas
de caráter edáfico, mecânico e vegetativo” (p.13). “As práticas vegetativas são
aquelas em que se emprega a cobertura vegetal para proteção do solo,
preservando sua integridade contra os efeitos da erosão, quanto mais densa a
vegetação de cobertura, mais protegido encontra-se o solo” (Silva, 2022, p.7).
As
práticas de caráter mecânicos são as que têm como objetivo diminuir ou
controlar os efeitos provocados pela erosão hídrica, buscando alterar o relevo
e construindo “desvios” para enxurradas, em geral com a utilização de máquinas.
Entre as principais práticas mecânicas,
destacam-se as técnicas de preparo do solo, plantio em curvas de nível e
terraços (Silva, 2021, p.14).
Para
Silva (2018), “As práticas edáficas são aquelas relacionadas ao solo que podem
fornecer melhores condições de fertilidade para o crescimento das pastagens uma
vez que podem melhorar as características químicas do solo”
(p.27). As atividades mais comummente realizadas são:
a) Adubação: consiste em aumentar a
produtividade, no sentido de restaurar o solo e seus nutrientes que foram
consumidos durante o processo de manutenção da cultura plantada (Jesus, 2022).
b) Adubação orgânica é a prática de colocar no
terreno os resíduos orgânicos, como: esterco, urina e restos de animais,
palhas, capins, lixo, serragem, restos de culturas e capinas, cama de estábulos
ou galinheiros, bagaços, ou farinha de ossos e farinha de carne, entre outros,
que se transformam em húmus. (Mello & Fernandes, 2000, citado por Lima et
al, 2015, p.3)
c) Calagem: tem como objetivos eliminar a
acidez do solo e fornecer suprimento de cálcio e magnésio para as plantas. O
cálcio estimula o crescimento das raízes e, portanto, com a calagem ocorre o
aumento do sistema radicular e uma maior exploração da água e dos nutrientes do
solo, auxiliando a planta na tolerância à seca. A calagem ainda tem outros
benefícios, como: aumentar a disponibilidade de fósforo, diminuir a
disponibilidade de alumínio e manganês através da formação de hidróxidos, que
não são absorvidos; aumentar a mineralização da matéria orgânica (...) (Dias
& Rossetto, 2022)
d) Gessagem: a aplicação de gesso agrícola no
solo visa melhorar o aproveitamento do cálcio e enxofre e, também, melhorar o
ambiente em subsuperfície. Para solos salinos e sódicos o gesso também é
utilizado como correctivo. Entretanto, por ser uma fonte mais solúvel do que o
calcário, o gesso não promove a neutralização da acidez do solo. (...) Por ter
alta solubilidade no solo, o gesso fornece rapidamente o cálcio, que pode ser
lixiviado em profundidade, melhorando a fertilidade e aumentando a exploração
das raízes. (Rossetto & Dias, 2022)
Tendo em conta o que precede, o
artigo tem por objetivo avaliar as práticas
conservacionistas para a sustentabilidade do meio ambiente nos estudantes do
4.º ano do curso de Ensino de Biologia na Escola Pedagógica da Universidade
Cuito Cuanavale.
Materiais
e métodos
A investigação é o resultado de uma
pesquisa de campo realizada na Escola Pedagógica da Universidade Cuito
Cuanavale, localizada na cidade de Menongue.
A população pesquisada para este estudo é finita, composta por 71
elementos no total, sendo 59 estudantes e 12 professores do turno da tarde. A
amostra foi selecionada de forma aleatória simples, incluindo 30 estudantes e
sete professores, o que representa 37
elementos do público-alvo.
A metodologia adotada é
qualitativa, com abordagem interpretativa, permitindo um estudo epistemológico
sobre os procesos de construção do conhecimento, enfatizando as relações entre
o sujeito cognoscente, o sujeito conhecido e o contexto. A pesquisa combina
diferentes métodos científicos e utiliza o método dialético como suporte
metodológico-materialista.
Como parte do método estatístico,
utilizou-se a técnica de cálculo percentual para o processamento e análise das
informações obtidas através da aplicação de diversos procedimentos
metodológicos, incluindo estatística descritiva e inferencial, tabulação,
tratamento dos dados obtidos e sua posterior interpretação.
Análise e discussão dos
resultados
Para os estudantes inquiridos, quando questionados
sobre as modalidades de avaliação das práticas conservacionistas para uma
sustentabilidade do meio ambiente, a tabela 1 mostra que 23 deles, o que
equivale a 76,7 %, escolheram o indicador São boas práticas. Além disso, sete
estudantes, correspondentes a 23,3 %, optaram pela opção Não são boas práticas.
Vale ressaltar que a não utilização dessas práticas pode propiciar uma maior velocidade da água na
superfície do solo, especialmente durante períodos de elevados índices de
precipitação. Com o aumento da velocidade da água na superfície, ocorre o
desprendimento das partículas do solo, que são carreadas para áreas mais baixas
dos terrenos, podendo resultar em assoreamento.
Tabela 1. Inquérito sobre a avaliação
das práticas conservacionistas para a sustentabilidade do meio ambiente
N.° |
Respostas |
Total |
|
Fr |
% |
||
1 |
São boas práticas |
23 |
76,7 % |
2 |
Não são boas práticas |
7 |
23,3 % |
|
Total |
30 |
100 % |
Fonte: elaboração própria.
Conforme demonstrado pelos dados expostos
na Figura 1, destaca-se com maior evidência o plantio direto como um dos
sistemas agrícolas de práticas sustentáveis mais utilizados, mencionado por 15
estudantes, o que corresponde a 50 % do total. Por outro lado, a rotação de
culturas foi apontada por sete estudantes, representando 23,3 %. Os indicadores
subsequentes, Curva de Nível e Terraceamento, foram ambos mencionados por
quatro estudantes, o que equivale a 13,3 % cada.
Figura 1. Práticas conservacionistas e práticas sustentáveis
mais utilizadas
Fonte: elaboração própria
Com base nos dados apresentados na figura 2, durante a
caracterização da situação atual, observa-se que a erosão está amplamente
presente nas propriedades estudadas. Foi apontada como um problema por 14
estudantes, representando 46,6 % (dos participantes). Além disso, 33,3 % (dos
estudantes) identificaram a compactação do solo como uma questão relevante. Por
fim, desmatamento e assoreamento dos cursos d'água foram mencionados por três
estudantes cada, correspondendo a 10 % de respostas para cada indicador. Esses
problemas são atribuídos à falta de adoção de práticas conservacionistas
adequadas, como curvas de nível e terraceamento.
Os terraços são superfícies horizontais em nível que
têm a finalidade de reter e infiltrar, ou escoar lentamente as águas
provenientes da parcela do lançante imediatamente superior, minimizando o poder
erosivo das enxurradas. Assim, os terraços permite a contenção de enxurradas,
forçando a infiltração da água da chuva pelo solo ou a drenagem lenta e segura
do excesso de água. As curvas de nível, que posicionam as linhas de plantio em
pontos de mesma altura, seguindo o nível do terreno e em sentido contrário ao
caminho das águas da chuva ou da irrigação, são de extrema importância, pois
reduzem as perdas de solo pelo escoamento superficial da água.
Figura 2. Avaliações
dos principais problemas ambientais observados durante a caracterização da
situação atual
Fonte: elaboração própria.
A tabela 2 apresenta os resultados das
percentagens obtidas quando questionados sobre a percepção ambiental e o
coeficiente de variação nos sistemas orgânico e convencional em levantamento.
Dos resultados acima expostos, é notório que a maioria dos inquiridos, 15
estudantes, o que equivale a 50 %, como resposta a opção Percepção de erosão do
solo, ao passo que outros 10 inquiridos, totalizando 33,3 %, optaram pela
primeira hipótese, demonstrando Percepção sobre atitude conservacionista.
Finalmente, cinco estudantes inquiridos, representando 16,7 %, demonstraram
compreensão sobre o impacto do uso de recursos, como é o caso dos recursos
hídricos.
Embora tenha sido verificado que os
estudantes possuem uma maior percepção ambiental e uma diversidade geral de uso
do solo, os índices de qualidade mostram que o manejo em alguns aspectos,
especialmente no preparo do solo, ainda se assemelha ao sistema convencional.
Práticas alternativas adequadas e adaptadas às condições socioeconômicas dos
sistemas orgânicos são necessárias para melhorar a qualidade dos solos.
Tabela 2. Ambiental e coeficiente de
variação nos sistemas orgânico e convencional em levantamento.
N.° |
Respostas |
Total |
|
Fr |
% |
||
1 |
Percepção sobre atitude conservacionista |
10 |
33,3 % |
2 |
Percepção de erosão do solo |
15 |
50 % |
3 |
Percepção do impacto do uso de recursos |
5 |
16,7 % |
|
Total |
30 |
100 % |
Fonte: elaboração própria.
Em relação às embalagens dos defensivos,
quatro (57,1 %) dos professores inquiridos afirmaram que se deveria fazer a
tríplice lavagem e devolução das embalagens para os centros de recebimento ou
recolha por estas constituírem perigo ao meio ambiente. Outrossim, dos
professores questionados, cerca de 14,3 % dos quais disseram que poderiam
possuir um controle documentado dos seus defensivos, e 28,6 % destes defenderam
a hipótese de possuir um depósito para as embalagens vazias (tabela 3).
As respostas que incidem sobre o indicador
relacionado à devolução de embalagens, dadas pela maioria dos professores
questionados, podem ser confirmadas pelos dados apresentados em 2015 no Centro de Recebimento de Embalagens
vazias, já que foram coletados ao nível do país 2 (duas) toneladas dos
defensivos. Sendo assim, confirma-se que não há um maior cuidado quanto à
fiscalização e, consequentemente, não há, de igual modo, exigências mínimas na
adoção de proteção na incidência de intoxicação que pode prejudicar o meio
ambiente.
Tabela 3. Incidência de intoxicação
agrícola ao meio ambiente
N.° |
Respostas |
Total |
|
Fr |
% |
||
1 |
Deveriam lavar e fazer devolução
das embalagens dos defensivos |
4 |
57,1 % |
2 |
Depositar as embalagens vazias |
2 |
28,6 % |
3 |
Possuir um controle documentado dos defensivos |
1 |
14,3 % |
|
Total |
7 |
100 % |
Fonte: elaboração própria.
A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos
a partir da pergunta sobre o que é necessário para a manutenção preventiva na
aplicação de defensivos agrícolas. Metade dos professores inquiridos (42,9 %)
responderam que trocar os bicos ou pontas é o procedimento necessário e mais
viável para essa manutenção preventiva. Dois desses professores (28,6 %)
indicaram o controle contra vazamentos como uma opção. Um deles (14,3 %)
mencionou a calibração e regulagem dos pulverizadores como outra medida
essencial para a manutenção preventiva na aplicação de defensivos agrícolas.
Por fim, 14,3 % dos professores consideraram que a própria manutenção
preventiva é necessária.
Tabela 4. A manutenção preventiva na
aplicação de defensivos agrícolas
N.° |
Respostas |
Total |
|
Fr |
% |
||
1 |
Manutenção preventiva |
1 |
14,3 % |
2 |
Controle contra vazamento |
2 |
28,6 % |
3 |
Troca de bicos (pontas) |
3 |
42,9 % |
4 |
Calibragem e regulagem dos pulverizadores |
1 |
14,3 % |
|
Total |
7 |
100 % |
Fonte: elaboração própria.
Apesar da preocupação observada com
relação à manutenção de pulverizadores, pode-se perceber que faltam redobrados
esforços nessa área quando se estudam os dados do trabalho realizado, onde se
observam que as mais frequentes causas de reprovação durante uma inspeção
referem-se ao estado de conservação das pontas, uniformidade de distribuição
das pontas com coeficiente de variação e presença de vazamentos.
Propostas
de ações educativas ambientais para melhorar as práticas conservacionistas nos
estudantes do 4.º ano do curso de Ensino de Biologia na EP-UCC
Para o desenvolvimento das ações de
educação ambiental, o professor criará as condições psicológicas necessárias
entre os participantes, organizará equipes compostas por membros de ambos os
sexos e nomeará um responsável por cada equipe. Em seguida, distribuirá tarefas
e materiais, especificará as regras de comportamento dentro do grupo, assim
como as responsabilidades na execução das ações propostas, incentivando a
cooperação e ajuda mútua entre colegas.
A atividade consistirá na visita à
comunidade onde está localizada a EP-UCC, para observar as características do
solo e sua interação com os demais componentes do ambiente, influenciando o
desempenho das culturas e plantas locais. Os estudantes trabalharão em equipes
orientadas para realizar investigações de campo, após coordenação e organização
em sala de aula sob a orientação do docente. Poderão ser realizadas quantas
visitas ao campo forem necessárias. Sessões de trabalho serão previstas para a
preparação e apresentação de relatórios.
Além disso, é essencial que os
estudantes se concentrem nos aspectos essenciais para formular conclusões
práticas além das análises teóricas, promovendo a aprendizagem e execução das
atividades orientadas, o que facilitará a obtenção dos principais resultados e
permitirá aos estudantes socializarem suas experiências, compartilhando
conquistas e dificuldades e oferecendo recomendações relevantes para atividades
futuras.
Desta forma, o objetivo da proposta
visa incutir nos estudantes do 4.º ano do curso de Ensino de Biologia o hábito
de preservação e conservação do solo na EP-UCC.
O controle e avaliação da atividade
experimental devem ser realizados utilizando diversas formas, devendo ter uma
natureza processual e combinar o qualitativo com o quantitativo. Além disso,
devem ser praticados por meio de coavaliação, heteroavaliação e autoavaliação
metacognitiva, com propósitos de valorizar o processo de aprendizagem dos
estudantes. A seguir, descreve-se a proposta de ações de educação ambiental
para melhorar as práticas conservacionistas nos estudantes do 4.º ano do curso
de Ensino de Biologia na EP-UCC.
Adubação mineral refere-se ao
emprego de fertilizantes químicos aplicados ao solo com o objetivo de suprir
nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das culturas agrícolas.
Esta prática é fundamental devido à limitada capacidade natural do solo em
fornecer todos os nutrientes necessários às plantas. Quando a adubação orgânica
não é viável, a adubação mineral é implementada para aumentar a produtividade
agrícola, garantindo um suprimento adequado de nutrientes e contribuindo para a
sustentabilidade e rentabilidade dos sistemas de produção agrícola.
A
adubação verde é uma alternativa para reduzir os impactos negativos associados
ao modelo de agricultura convencional, sendo utilizada para promover a
conservação e reciclagem de nutrientes no solo. Utiliza plantas que, em geral,
produzem grande massa vegetal (gramíneas como aveia preta, milheto, sorgo,
brachiaria), e/ou que fixam nitrogênio (leguminosas como mucuna, feijão de
porco, trevo branco, ervilhaca) para melhorar aspectos biológicos, físicos e
químicos do solo. O plantio dessas espécies é feito de maneira intercalada -
tanto no espaço cultivado, quanto no período de tempo - com os cultivos de
interesse econômico (Dambroz et al., 2021, p.7)
A alternância de capinas é uma
prática sistemática utilizada durante o período de chuvas, especialmente em
lavouras plantadas em nível. Consiste em alternar as épocas de capina em ruas
ou leiras adjacentes, seguindo um padrão de capina rua sim, rua não. Após cada
capina, uma ou duas ruas são deixadas sem capinação por um período determinado,
enquanto as ruas adjacentes são capinadas (Empresa de Pesquisa Agropecuaria de
Minas Gerais, 2009). Esta técnica visa permitir que a vegetação nas ruas não
capinadas retenha a terra transportada durante as capinas realizadas nas ruas
adjacentes. Esse processo contribui para a manutenção da estabilidade do solo e
a minimização da erosão, ao mesmo tempo em que controla o crescimento de
plantas invasoras.
Calagem é um procedimento
fundamental na prática agrícola, destinado à correção e à manutenção do
equilíbrio químico do solo. Consiste na aplicação controlada de calcário para
ajustar o pH do solo, promovendo um ambiente propício ao crescimento saudável
das plantas. Essa prática não só neutraliza a acidez excessiva, mas também
potencializa a absorção de nutrientes pelas culturas, maximizando a eficiência
dos insumos agrícolas e contribuindo significativamente para a elevação da
produtividade e da viabilidade econômica na agricultura.
Cobertura
vegetal: prática que possibilita maior retenção de água no solo, diminui perdas
dos nutrientes por lixiviação e percolação, proporciona menor incidência solar
na terra, protege contra erosão e aduba os terrenos com os restos vegetais
depositados. Nessa intervenção é utilizada plantas para servir como cobertura,
que pode ser gramínea ou leguminosa, dentre elas as braquiárias e as culturas
anuais (Andrade et al., 2021, p.7).
Corte em talhadia é o corte de
madeira com regeneração por brotação das cepas das árvores. Um sistema de
formação de povoamentos florestais em que são conduzidas brotações. Pode ser
dividida em talhadia simples e composta.
Cultivo
mínimo é uma forma não convencional de preparo do solo para receber mudas ou
sementes de uma determinada cultura. Ele consiste no preparo do solo e plantio
ao mesmo tempo, em um menor número de operações possível. Dessa maneira, há o
revolvimento mínimo do solo (Ambientebrasil, 2024).
Escarificação é uma prática agrícola
utilizada no sistema de cultivo mínimo, onde o solo é profundamente perturbado
pela ação de escarificadores, implementos de haste projetados para romper a
camada superficial do solo sem inverter a leiva. Essa técnica promove a
movimentação do solo enquanto mantém a maior parte dos resíduos vegetais na
superfície, protegendo o solo contra a erosão e favorecendo a infiltração da
água.
“Enleiramento em nível:
prática utilizada no desbravamento (mato, capoeira) de uma gleba, dispondo os
resíduos em linha de nível”
(Ambientebrasil, 2024).
Manejo sustentado é uma abordagem
dinâmica e adaptativa para a gestão integrada de recursos naturais, priorizando
a regeneração e resiliência dos ecossistemas. Visa otimizar a produtividade
econômica, promover a saúde e diversidade dos sistemas naturais, fundamentado
em princípios de coevolução com a natureza. Busca não apenas evitar impactos
negativos, mas também restaurar e fortalecer os serviços ecossistêmicos
essenciais, enfatizando participação comunitária e equidade social para
promover o bem-estar das comunidades locais e do meio ambiente global.
As principais transformações
reveladas nos estudantes são específicas em:
• Existe maior interesse no estudo dos
componentes do meio ambiente, com especial ênfase no recurso solo;
• há uma mudança de mentalidade em relação ao
uso e conservação dos solos na comunidade;
• desenvolver procedimentos cognitivos
baseados na interdisciplinaridade das ciências naturais, para explicar fatos e
fenômenos da agricultura agroecológica sustentável;
• apresentar maiores níveis de independência
na execução das atividades práticas;
• demonstrar domínio dos fundamentos teóricos
da ciência e desenvolver habilidades como observação para a realização de
atividades práticas;
• sistematizar e aplicar as operações da
habilidade de observação a diferentes situações de aprendizagem;
• aumentar a sensibilidade e o conhecimento
sobre os problemas que afetam o solo e a agricultura em geral;
• desenvolver conhecimentos, habilidades,
consciência e sensibilidade ao meio ambiente, valores e atitudes ambientais;
• é observado um maior respeito pelo uso do
recurso solo, o qual é percebido nas avaliações realizadas após a conclusão das
ações, com base nas dificuldades e
constatações encontradas durante a atividade prática.
Conclusões
1.
A pesquisa concluiu que
as práticas conservacionistas e as percepções ambientais avaliadas são
consideradas “boas práticas” pelos entrevistados em suas intervenções.
2.
Na avaliação dos
principais problemas ambientais observados durante a caracterização da situação
atual, há uma incidência significativa de erosão nas propriedades.
3.
Em relação às
embalagens dos defensivos, os professores afirmaram que estas devem ser lavadas
três vezes antes de serem devolvidas aos centros de recebimento ou reciclagem,
devido ao perigo que representam para o meio ambiente.
4.
A troca de bicos ou
pontas é uma necessidade primária e fundamental para a manutenção preventiva na
aplicação de defensivos.
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