Original
Recibido: 18/07/2024 │ Aceptado: 04/10/2024
Treinamento após a lesão no tendão calcâneo de um voleibolista –
2014 a 2018, parte 2
Training after the Achilles tendon injury in a volleyball player - 2014
to 2020, part 2.
Nelson
Kautzner Marques Junior. Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB. RJ.
Brasil. [kautzner123456789junior@gmail.com]
Resumo
O objetivo do estudo foi apresentar como foi estruturada a periodização
de um voleibolista após a lesão no tendão calcâneo no período de 2014 a 2018. O sujeito do estudo foi de
um jogador de voleibol que pertenceu ao estudo de Marques Junior e Barbosa (2016). A periodização
específica para o voleibol foi elaborada para um jogador de voleibol que teve
ruptura parcial no tendão calcâneo em 2014. No período de 2014 a 2016, a carga
de treino aumentou gradativamente para evitar nova lesão nessa região
anatômica. O voleibolista começou a saltar com ambas as pernas em 2016. Em 2017 e
2018, a pliometria teve maior carga de treino e os demais tipos de treino
seguiram esse procedimento. Em conclusão, o treino periodizado permite que o
atleta consiga elevar a carga de treino gradativamente com segurança após uma
ruptura parcial no tendão calcâneo.
Palavras
Chave: lesão; esporte; ruptura; tendão;
treino.
Abstract
The
objective of the study was to present how was structured the periodization of a
volleyball player in the Achilles tendon injury from 2014 to 2018. The subject
of the study was a volleyball player that was of the study of Marques
Junior and Barbosa (2016). The specific periodization for volleyball was
developed for a volleyball player that had a partial rupture of the Achilles
tendon in 2014. In the period from 2014 to 2016, the training load gradually
increased to avoid new injuries to this anatomical region. The volleyball
player began the jumping with both legs in 2016. In 2017 and 2018, the
plyometric training had a greater training load and other types of training
followed this procedure. In conclusion, periodized training allows that the
athlete to safely increase the training load gradually after a partial rupture
in the Achilles tendon.
Keywords: injury; sport; rupture; tendon; training.
Introdução
O tendão calcâneo, mais conhecido por tendão de
Aquiles, costuma sofrer aproximadamente 89% de ruptura com a prática esportiva
(Silva et al., 2023), ocorrendo com o avanço da idade do atleta, iniciando por
volta dos 30 anos (Marques Junior e Barbosa, 2016). A ruptura total ou parcial do
tendão calcâneo pode acontecer com a prática do voleibol na fase inicial do
salto, na queda do salto, nas ações defensivas e em outros momentos do jogo
(Chiappa, 2001).
Porém, a literatura costuma informar como o
esportista sofre ruptura no tendão calcâneo (Fortes e Carazzato, 2008) e qual a
gravidade dessa lesão (grau I, II e III) (Chiappa, 2001), mas existem poucos
trabalhos explicando como foi o treinamento após a lesão nessa região anatômica
(Silbernagel et al., 2012). Logo, um estudo sobre esse tema torna relevante,
sendo a continuação da parte 1 que teve o seguinte título: avaliação do tendão
calcâneo de um voleibolista após a lesão – 2014 a 2020, parte 1.
A estruturação do treinamento após uma ruptura
parcial no tendão calcâneo é fundamental com uma adequada periodização (Marques
Junior e Barbosa, 2016). Atualmente existem diversas concepções de periodização
esportiva que merecem ser elaboradas conforme as necessidades do atleta
(Rodríguez et al., 2024) e que devem ser prescritas com uma carga de treino
minuciosa para o voleibolista (Marques Junior, 2024a, 2024b). Então, sabendo
disso, o objetivo do estudo foi apresentar como foi estruturada a periodização
de um voleibolista após a lesão no tendão calcâneo no período de 2014 a 2018.
População e Amostra
O jogador de voleibol da
pesquisa pertenceu ao estudo de Marques Junior e Barbosa (2016), sendo a
continuação do 1º estudo.
Estrutura da periodização para um
jogador de voleibol em 2014 e 2015
O mês de agosto e
setembro de 2014 foi estabelecido como momento da cicatrização total da lesão
no tendão calcâneo. No início de setembro de 2014 o voleibolista foi submetido
a uma cirurgia de fotocoagulação a laser no olho esquerdo para curar uma
retinopatia, isso comprometeu o treino desse mês, esse atleta ficou 1 mês e 20
dias sem treinar para ocorrer adequada cicatrização da lesão na retina. O seu
último treino foi em 20 de agosto de 2014, detalhes dessa sessão e desses
ocorridos, leia em Marques Junior e Barbosa (2016).
A prescrição do treino periodizado após
a lesão no tendão calcâneo iniciou no mês de outubro de 2014. A concepção de
periodização utilizado para exercitar esse jogador após a contusão foi a
periodização específica para o voleibol (Marques Junior, 2020, 2022). Todo o
treinamento após a lesão seguiu as recomendações da literatura do tendão
calcâneo (Chiappa, 2001). O período de 1 a 6 meses é momento que acontecem as
maiores incidências de re-ruptura no praticante do exercício (Banff Sport
Medicine, 2012; Capital and Cost District Health Board, 2014; Germán et al.,
2009).
Então, em outubro a dezembro de 2014,
foi prescrito o microciclo fraco no mesociclo 1 e também foi feito o microciclo
de teste com as avaliações que o jogador podia fazer (estatura, massa corporal
total, circunferência, abdominal em 1 minuto e POMS Reduzido de Viana et al.,
2001). Durante esse treinamento ocorreu em dias alternados treino de força
(musculação e pliometria unilateral com a perna esquerda) e aeróbio
(caminhada). Um fato merece atenção, como a perna direita ficou mais inativa
com a lesão, no início do trabalho aeróbio de caminhada, geralmente o atleta
costumava ter cãibra pela manhã no tríceps sural direito, momentos antes de
acordar para ir para o trabalho.
A continuação do mesociclo 1 aconteceu
de janeiro a março de 2015, com um microciclo fraco e médio. O trabalho foi
similar aos três meses anteriores, a única diferença foi uma carga maior do
peso na musculação e no aeróbio passou ser com trote, sendo em dias alternados
ou depois da sessão de musculação. A quantidade de cãibras no tríceps sural
direito começou a diminuir em janeiro a março de 2015, talvez isso esteja
relacionado com a melhora do preparo físico do jogador master de voleibol.
Passando o período de 6 meses onde
acontece alta incidência de re-ruptura e com a melhora do preparo físico, foi
realizado o mesociclo 2 nos
meses de abril a junho de 2015, sendo efetuado o microciclo
fraco, médio e forte. O treinamento
foi similar ao anterior, mas com uma carga mais elevada. Por exemplo, passou
ser praticado o arranque, o agachamento a carga ficou maior, foi incluído o
pullôver unilateral e o exercício que foi prescrito na fisioterapia continuou a
ser feito – ver parte 1.
Em dias alternados foi realizada a
sessão de força ou o treino aeróbio. O exercício aeróbio começou a ser efetuado
por uma corrida contínua lenta por um período de 30 minutos a 1 hora. A
quantidade de cãibra pela manhã praticamente terminaram, talvez porque o
condicionamento desse atleta foi melhorando muito. O mesociclo 3 foi efetuado
nos meses de julho a dezembro de 2015, sendo similar ao mesociclo 2, a única
diferença foi uma carga de treino maior da sessão de força, enquanto o trabalho
aeróbio foi o mesmo – corrida contínua aeróbia, mas a velocidade da corrida
passou de lenta para média.
A partir de 24 de novembro de 2015, o
voleibolista iniciou um tratamento de medicina caseira para reduzir o inchaço
do tendão calcâneo direito, passou a ferver água com aroeira para depois
colocar seu pé em um balde por 20 minutos com essa planta medicinal em infusão
na água morna. Esse tratamento foi efetuado uma vez por dia, sendo finalizado
esse trabalho em 10 de abril de 2016 – não adiantou em nada.
A tabela 1 apresenta todo o treino do
ano de 2014 e 2015, quando o jogador estava realizando a sessão após a lesão no
tendão calcâneo.
Periodização |
Específica para o Voleibol |
|
|
|
Macrociclo |
1 de 2014 |
1 de 2015 |
1 de 2015 |
1 de 2015 |
Período |
de Treino |
de Treino |
de Treino |
de Treino |
Mês |
Outubro a Dezembro |
Janeiro a Março |
Abril a Junho |
Julho a Dezembro |
Mesociclo |
1 |
1 |
2 |
3 |
Objetivo
do Mesociclo |
Melhorar
o condicionamento físico com um treino cauteloso, de 1 a 6 meses ocorre alta
incidência de re-ruptura. |
Mesmo objetivo anterior. |
Aumentar
os níveis de força e acostumar a correr com a meta de melhorar a condição
aeróbia. |
Igual ao mesociclo 2. |
Microciclo |
teste e fraco |
fraco e médio |
teste, fraco, médio e forte |
teste, fraco, médio, forte e
estabilizador |
Testes |
13 de outubro (primavera) |
- |
1º de abril (outono) |
16 de dezembro (primavera) |
Sessões (total) |
42 |
50 |
47 |
42 |
Descanso (total) |
50 |
40 |
44 |
49 |
Along. Dinâmico (aquecimento) |
Elevação da perna, balanceio dos braços etc. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao
mesociclo 1. |
Fisioterapia |
Fortalecer o tornozelo com caneleira de 3, 5 e 6 kg com ações de inversão, eversão, dorsiflexão e flexão plantar. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao
mesociclo 1. |
TT de Voleibol |
Paredão e toque no ar. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao
mesociclo 1. |
Karatê |
Choko zuki no makiwara. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao
mesociclo 1. |
Caminhada |
Velocidade lenta por 15 minutos a 1 hora, e média em dezembro com mesmo tempo. |
Trote com mesma duração anterior. |
- |
- |
Corrida Contínua |
- |
- |
Velocidade lenta por 30 min a 1 h. |
Velocidade lenta
para média por 30 min a 1 h. |
Musculação FRR |
Métodos usados foram o alternado por segmento, o prioritário e o agonista e antagonista. |
Igual ao mesociclo 1. |
Método alternado por segmento, com maior carga e inclusão de novos exercícios como o arranque. |
Método alternado
por segmento, com maior carga. |
Pliometria |
Unilateral com a perna esquerda para não perder a impulsão. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao mesociclo 1. |
Igual ao
mesociclo 1. |
Significado das
Abreviaturas: TT – treino técnico e FRR – força
rápida de resistência. Obs.: O
número que aparece nos mesociclos é a quantidade deles e os testes costumam
ocorrer entre 7 a 8 dias. Obs. 2: Foi usado o termo pliometria ao invés
de força reativa para caber na tabela.
Tabela 1. Visão geral da periodização específica para o
voleibol de 2014 e 2015.
Estrutura
da periodização para um jogador de voleibol em 2016
Em 2016 o macrociclo 1 continuou a ser
realizado com a periodização específica para o voleibol (Marques Junior, 2020,
2022), sendo a continuação do treino de 2014 e 2015. O mesosciclo 4 de janeiro
a março, foi similar ao mesociclo 3 de 2015 (ver na tabela 1) porque ainda o
inchaço era grande para o treinamento sofrer um aumento na intensidade, mas a
carga do treino de musculação foi um pouco maior. No período de 14 a 27 de
março de 2016, o esportista esteve com zika, não podendo efetuar o treino. O
mesociclo 5 foi praticado em abril a julho de 2016, ocorrendo maior carga da
musculação e foram feitos outros exercícios - deslocamento lateral com
caneleira e corrida de velocidade com caneleira. Os demais exercícios foram
similares ao mesociclo 4, exceto o soco no makiwara, sendo o choko zuki no
makiwara com o braço direito e gyaku zuki na base livre com o braço esquerdo –
esse tipo de trabalho do karatê não igual foi por causa do tendão direito
inchado.
Nesse mesociclo o esportista passou a
treinar todo sábado com uma equipe master de voleibol, atuando no saque tipo
tênis, no passe, no levantamento e na defesa (iniciou em 25 de junho de 2016).
Porém, em maio (23 treinos e 8 descansos) e junho (22 treinos e 8 descansos) o
voleibolista efetuou muito treino e pouco descanso, talvez essa alta frequência
nas sessões tenha desencadeado uma forte sinusite no atleta durante o mês de
julho (3 a 17 de julho) porque o treino intenso pode proporcionar segundo
Nieman (2003), uma diminuição da imunidade do atleta, o que pode gerar
resfriados constantes e até sobretreino.
O mesociclo 6 foi realizado de julho a setembro de
2016, ocorrendo o macrociclo 2 porque o treinador passou a mensurar a carga
interna (CI), a monotonia das cargas e o estresse das cargas pelo método Foster
(1998) com a escala de percepção subjetiva do esforço (PSE) adaptada de Foster
(Marques Junior, 2017a). Também nesse mesociclo foi mensurado indiretamente a
fadiga, através da escala de dor muscular (Marques Junior, 2017b). O treino do
mesociclo 6 foi similar ao do 5 porque o tendão calcâneo se encontrava inchado
– ver na parte 1. Mesmo com esse problema, ocorreram dois momentos importantes
no treino de sábado na equipe de voleibol master que foram os seguintes: a
partir do dia 27 de agosto esse jogador começou a praticar ataque de vários
tipos de bola (bola alta, bola alta dos 3 metros, meia bola etc) na rede
saltando meia altura e no dia 17 de setembro, esse atleta conseguiu fazer com
força e precisão o saque tipo tênis com gyaku zuki (Marques Junior, 2015).
Nesse mesociclo 6 também foi realizado o microciclo
de teste, sendo feito as mesmas avaliações do mesociclo 1. Após o mesociclo 6 o
jogador do vôlei master tinha efetuado 338 treinos (equivale a 11 meses e 8
dias) no período de 2014 a 2016, e o inchaço no tendão calcâneo começou a
diminuir – ver parte 1. Então, em outubro de 2016 no mesociclo 7, foi prescrito
uma carga maior. Isso pode ser evidenciado na execução de novos exercícios,
como na prática do treino intervalado (TI) de velocidade de resistência (2
séries x 5 repetições) na distância de 6 metros, com predomínio no metabolismo
anaeróbio. Essa sessão aconteceu no mesmo dia do treino de força. O treino
físico no mesociclo 7 sofreu outra alteração, foi excluído a pliometria
unilateral com a perna esquerda e no seu lugar foram inseridos saltos de dois
fundamentos do voleibol (ataque com passada com 2 séries e 10 repetições,
bloqueio com 2 séries e 20 repetições, ambos trabalhos não foi estipulado
nenhuma pausa) para trabalhar a força reativa de força rápida de resistência.
Os demais treinos foram iguais ao mesociclo 6 e a corrida contínua aeróbia foi
efetuada separadamente do treino de força para não interferir no ganho de força
(Bacurau et al. 2001).
O mesociclo 8 foi praticado em novembro e dezembro
de 2016 no período recuperativo. O atleta realizou um treino recuperativo
porque ele foi convidado em 28 de outubro de 2016 para ministrar aula teórica
em Santiago do Chile. Então, como esse atleta teve que elaborar várias aulas no
power point, ocorreram poucas noites de sono, sendo efetuado no dia 1º a 14 de
novembro corrida contínua aeróbia. Após retornar de Santiago, no dia 23 de
novembro de 2016 (ficou 9 dias, de 15 a 23 de novembro), aconteceu um longo
descanso de 7 dias (24 a 30 novembro de 2016). Em seguida, o voleibolista
voltou a realizar treino recuperativo, do dia 1º a 31 de dezembro de 2016,
tendo descanso passivo, corrida contínua aeróbia (20 a 30 minutos), treino
técnico de voleibol, musculação de força rápida de resistência e pliometria.
No mesociclo 8 foi realizado o microciclo de teste
em dezembro com as mesmas avaliações do mesociclo 1 de 2014. A circunferência
da panturrilha direita (do tendão calcâneo que esteve lesionado) permaneceu
menor do que a esquerda – veja na parte 1, um dos motivos desse ocorrido foi o
longo trabalho unilateral de pliometria da perna esquerda até o mesociclo 6. A tabela 2 apresenta todo o treino de 2016 com a
periodização específica para o voleibol (Marques Junior, 2020, 2022), quando o
jogador estava realizando a sessão após a lesão no tendão calcâneo.
Periodização |
Específica para o Voleibol |
|
|
|
|
|
Macrociclo |
1 de 2016 |
1 de 2016 |
2 de 2016 |
2 de 2016 |
2 de 2016 |
|
Período |
de Treino |
de Treino |
de Treino |
de Treino |
Recuperativo |
|
Mês |
Janeiro a Março |
Abril a Junho |
Julho a Setembro |
Outubro |
Novembro e Dezembro |
|
Mesociclo |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
|
Objetivo
do Mesociclo |
Igual ao mesociclo 3. |
Aumentar
os níveis de força, acostumar a correr com velocidade média para melhorar a
condição aeróbia e treinar no voleibol master. |
Aumentar
os níveis de força rápida de resistência, correr com velocidade média para
melhorar a condição aeróbia e continuar evoluir no voleibol. |
Continuar a aumentar os níveis
de força rápida de resistência, começar a correr em velocidade e continuar
evoluir no voleibol. |
Recuperar o atleta do cansaço da
viagem e praticar uma manutenção das capacidades motoras condicionantes e
coordenativas. |
|
Microciclo |
fraco, médio e estabilizador |
fraco, médio e forte |
teste, fraco e forte |
fraco e médio |
teste e fraco |
|
Testes |
- |
- |
8 de agosto (inverno) |
- |
27 de dezembro (verão) |
|
Sessões (total) |
45 |
67 |
45 |
16 |
25 |
|
Descanso (total) |
46 |
48 |
24 |
13 |
21 |
|
Along. Dinâmico (aquecimento) |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
|
Fisioterapia |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
|
TT de Voleibol |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
Igual ao mesociclo 3. |
|
Equipe Master |
- |
No treino
técnico e situacional atuou no saque tipo tênis, no passe, no levantamento e
na defesa porque o tendão calcâneo estava inchado no vôlei master. |
Igual ao mesociclo 5 e jogou de líbero que faz o saque porque o tendão calcâneo estava inchado no vôlei master. |
Igual ao mesociclo 5 e 6. |
Parou de treinar com a equipe do vôlei master. |
|
Karatê |
Igual ao mesociclo 3. |
Choko zuki no makiwara com o braço direito e gyaku zuki na
base livre com o braço esquerdo. |
Igual ao mesociclo 5. |
Igual ao mesociclo 5. |
Igual ao mesociclo 5. |
|
Corrida Contínua |
Igual ao mesociclo 3. |
Velocidade média por 30 min a 1 hora. |
Igual ao mesociclo 5. |
Igual ao mesociclo 5. |
Igual ao mesociclo 5. |
|
TI de Veloc. Resistên. |
- |
- |
- |
TI de 2 s x 5 rep. |
Parou de treinar. |
|
Musculação FRR |
Método alternado por segmento, com maior carga. |
Método alternado por segmento, com maior carga e inclusão de novos exercícios como o deslocamento lateral com caneleira e corrida de velocidade com caneleira. |
Igual ao mesociclo 5. |
Igual ao mesociclo 5. |
Igual ao mesociclo 5. |
|
Pliometria |
Unilateral com a perna esquerda para não perder a impulsão. |
Igual ao mesociclo 4. |
Igual ao mesociclo 4. |
Salto no ataque (2 s x 10 rep) e no bloqueio (2 s x 20 rep) |
Igual ao mesociclo 7. |
|
Significado das
Abreviaturas: TI de Veloc. Resistên. – treino intervalado de velocidade de
resistência, s – séries e rep - repetições. Obs. 2: Foi usado o termo
caneleira ao inves de tornozeleira para caber na tabela.
Tabela 2. Continuação do macrociclo de 2014 e
2015 com a periodização de 2016.
A duração média das sessões de cada mesociclo variou
ao longo da temporada – 56,68 minutos no mesociclo 6, 80,81 minutos no
mesociclo 7 e 41,47 minutos no mesociclo 8. O mesociclo 6 (1,84±0,79 UA) a
monotonia das cargas foi benéfica para a saúde, mas no mesociclo 7 (2,70±0,88
UA) e 8 (2,48±2,81 UA) ocorreu uma monotonia acima de 2, podendo acontecer
problemas psicofisiológicos no atleta (Foster, 1998).
O nível de dor muscular do mesociclo 8 (1,29±0,57
foi dor leve) foi maior do que o mesociclo 6 (0,63±0,57 era sem dor) e 7
(0,73±0,70 era sem dor), mas a carga interna (CI) do mesociclo fraco 8 (CI
baixa de 284,9±155,7 UA) foi menor do que o mesociclo fraco 6 (CI baixa de 332,1±405,2
UA) e o mesociclo médio 7 (CI média de 623±245,1 UA) – a classificação da CI
foi baseada em Marques Junior (2017c). O motivo não é sabido, mas a maior dor
muscular pode estar relacionada com o curso no Chile.
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados
pelo GraphPad Prism, versão 5.0. O teste Shapiro Wilk detectou distribuição não
normal. A ANOVA de Kruskal Wallis detectou diferença estatística da CI de cada
mesociclo, H (2) = 20,54, p = 0,0001. O post
hoc Dunn determinou diferença estatística nas seguintes comparações
(p≤0,05): mesociclo 6 versus mesociclo 7, mesociclo 7 versus mesociclo 8.
Estrutura da periodização para um
jogador de voleibol em 2017
Em outubro a dezembro de 2016, no
mesociclo 7 e 8, o jogador do voleibol master começou a fazer salto meia altura
com ambos os membros inferiores através de um trabalho de pliometria com os
fundamentos do voleibol durante 41 sessões (equivale a 1 mês e 11 dias) - ver
na tabela 2. Então em 2017, o objetivo do mesociclo 1 a 4 foi de preparar o
atleta para fazer salto em altura elevada (no vôlei e na pliometria), aumentar
os níveis de força rápida de resistência e de aumentar a circunferência da
panturrilha direita – ver parte 1. Todos os mesociclos foram realizados no
período de treino da periodização específica para o voleibol (Marques Junior,
2020, 2022).
O mesociclo 1 de 2017 aconteceu em
janeiro a março, ele foi forte porque a CI foi de 853,4±775,4 UA conforme a
classificação de Marques Junior (2017c). O treinamento foi similar ao mesociclo
8 de 2016 (fisioterapia, alongamento, paredão no voleibol, karatê, corrida
contínua aeróbia como treino recuperativo, musculação e pliometria nos
fundamentos do voleibol), ocorrendo no microciclo fraco, médio e forte que teve
essa classificação baseada na CI, e teve 54 sessões e 34 dias de descanso.
Os novos exercícios prescritos na
musculação de força rápida de resistência do mesociclo 1 foram os seguintes:
flexão plantar para fortalecer o tendão calcâneo e a panturrilha (Hess, 2010) e
o TI de velocidade de resistência para aumentar a força e melhorar o
condicionamento aeróbio (Bacurau et al., 2001), através da corrida de
velocidade com caneleira de 7 kg na distância de 6 metros (m, 2 séries e 5
repetições) e depois sem sobrecarga na mesma distância e no mesmo volume.
O mesociclo 2 foi forte (CI de
947,4±861,2 UA) no mês de abril a junho de 2017 com a mesma periodização do
mesociclo 1, sendo efetuado o microciclo fraco, médio e forte durante 36
treinos e 55 dias de descanso. O treinamento foi similar ao mesociclo 1, os
novos exercícios foram da pliometria (salto na barreira de 40 cm com EVA no
solo, salto meia altura no ataque e no bloqueio e agachamento balístico).
Durante esse mesociclo 2 as sessões ocorreram 2 a 3 vezes por semana porque a
pliometria desencadeia elevada fadiga no sistema nervoso central e para evitar
lesão nos membros inferiores proveniente do alto impacto nessa sessão
(Verkhoshanski, 1996).
A pliometria e o TI de velocidade de
resistência são exercícios físicos que ocasionam alto impacto nos membros
inferiores (Marques Junior, 2017d). Esse trabalho no mesociclo 2 ocasionou
fortes dores no joelho esquerdo a partir de 31 de maio de 2017, sendo
necessário reduzir muito o volume em maio e junho, esse ocorrido foi exposto na
tabela 3.
Exercício |
Jan e Fev / Meso 1 |
Fev e Mar / Meso 1 |
Abr e Mai / Meso 2 |
Mai e Jun / Meso 2 |
Jun / Meso 2 |
Salto no ataque |
2 séries x 10 rep |
Igual ao anterior. |
Igual ao anterior. |
Igual ao anterior. |
10 repetições |
Salto no bloqueio |
2 s x 20 repetições |
Igual ao anterior. |
Igual ao anterior. |
- |
- |
Agachamento balístico no EVA |
2 s x 50 rep x 62 kg |
Quase igual, 74 kg. |
2 s x 25 rep x 62 kg |
- |
15 rep x 62 kg |
Agachamento balístico no EVA e corrida de veloc. de 6 m |
- |
- |
- |
2 s x 25 rep x 62 kg, 5 rep de corrida, pausa de 30 seg |
- |
Barreira de 40 cm no EVA e corrida de veloc. de 6 m |
- |
- |
5 s x 3 saltos, 5 rep de corrida, pausa de 30 seg |
5 s x 5 saltos, 5 rep de corrida, pausa de 30 seg |
- |
Barreira de 40 cm no EVA |
|
|
|
|
3 saltos, pausa de 30 seg |
Pliometria (total) |
160 saltos, 62 kg |
160 saltos, 74 kg |
125 saltos, 62 kg |
75 saltos, 62 kg |
28 saltos, 62 kg |
TI de Veloc. de Resistência em 6 m |
2 s x 5 rep x 7 kg, 2 s x 5 rep |
Igual ao anterior. |
- |
- |
5 rep x p 30 s a 3 min |
Corrida estacionária com caneleira de 7 kg e corrida de veloc. de 6 m |
- |
- |
10 repetições cada tarefa (total de 20) |
- |
- |
Treino Intervalado (total) |
20 repetições, 7 kg |
20 repetições, 7 kg |
25 repetições, 7 kg |
10 repetições |
5 repetições |
Significado
das Abreviaturas: ag. b. -
agachamento balístico, s – séries, rep – repetições, seg e s – segundos e p –
pausa.
Tabela
3. Carga dos exercícios do TI e da pliometria do mesociclo 1 e 2 de 2017.
O mesociclo
3 foi realizado em julho a setembro de 2017 com uma CI alta de 737,3±824,8 UA.
O treinamento foi conduzido no microciclo de teste, fraco, médio e forte
durante 42 sessões e 54 dias de descanso. O treinamento foi similar ao
mesociclo 2, continuando a ser feito a pliometria no EVA (40 cm, 2 a 3 séries e
3 saltos), o karatê e outras atividades, e a fisioterapia continuou a ser
praticada – veja na parte 1 desse artigo. Em 1º a 13 de julho de 2017, no
inverno, aconteceu o microciclo de teste com as mesmas avaliações do microciclo
1 de 2014. Porém, alguns testes o jogador não vinha fazendo desde março de 2014
– aproximadamente 3 anos, mas nesse microciclo de teste o voleibolista voltou a
praticar alguns testes neuromusculares (flexão e agilidade) e os testes
metabólicos indiretos (velocidade e aeróbio) indicados por Marques Junior
(2010). Como o voleibolista continuava com o tendão calcâneo inchado, não foram
realizados os testes de salto vertical.
O mesociclo 4 foi
efetuado de outubro a dezembro com uma CI baixa de 504,9±340,7 UA. O
treinamento foi realizado no microciclo de teste, fraco, médio e forte durante
54 sessões e 38 dias de descanso. O treino no mesociclo 4 foi similar ao 3,
ocorrendo ênfase na musculação de força rápida de resistência que é fundamental
para a prática do voleibol (Arruda e Hespanhol, 2008). Foram realizados
exercícios de musculação antigos com maior carga (rotação interna e externa do ombro com halter,
flexão do joelho com caneleira, flexão e extensão dos ombros com halter,
abdução e adução do quadril com caneleira etc) e exercícios novos (supino reto
e abdução horizontal dos ombros com halter). O treino de salto foi efetuado
pelo agachamento balístico no EVA (62 kg, 2 séries e 15 repetições, total de 30
saltos) e pela pliometria no EVA (40 cm, 4 séries e 6 saltos, total de 24
saltos). Então, o voleibolista efetuou 54 saltos no mesociclo 4, enquanto que
no mesociclo 3 foram feitos 39 saltos (agachamento balístico de 42 kg com 2
séries e 15 repetições, pliometria de 40 cm com 3 séries e 3 saltos).
O TI de velocidade de resistência foi
praticado na distância de 6 m (2 séries e 5 repetições, pausa de 10 a 30
segundos) para a manutenção do condicionamento aeróbio e anaeróbio (Barbanti,
2010) e foi praticado depois da musculação. Quando o TI foi feito sozinho na
sessão o atleta realizou o número máximo de repetições durante 20 a 60 minutos.
Enquanto que o treino de corrida contínua aeróbia de 20 a 60 minutos foi
realizado como treino recuperativo para diminuir o nível de dor muscular do
esportista (Marques Junior, 2016). Nesse mesociclo 4 a fisioterapia tomou outro
rumo a partir de 10 de novembro de 2017, detalhes veja na parte 1. Em 24 a 28
de dezembro de 2017, no verão, o voleibolista master realizou o microciclo de
teste no mesociclo 4, mas não foi feito a avaliação do salto vertical porque a
panturrilha e o tendão calcâneo estavam fracos.
As sessões do treinamento tiveram uma duração média
em cada mesociclo de 2017 de 118,9 minutos no mesociclo 1, 124,7 minutos no
mesociclo 2, 102,2 minutos no mesociclo 3 e 66,43 minutos no mesociclo 4. Em
todos os mesociclos a monotonia das cargas foi abaixo de 2 (1,13
UA do mesociclo 1, 1,21 UA do mesociclo 2, 1,13 UA
do mesociclo 3 e 1,75 UA do mesociclo 4), então a carga de treino não causou
risco de saúde para o atleta do estudo (Foster, 1998). A CI alta dos mesociclos
fortes proporcionaram uma dor muscular leve no voleibolista (mesociclo 1: CI de
853,4±775,4 UA e dor de 1,16, mesociclo 2: CI de 947,4±861,2 UA e dor de 1,60,
mesociclo 3: 737,3±824,8 UA e dor de 1,08), sendo superior ao do mesociclo 4
que foi fraco com uma CI baixa de
504,9±340,7 UA e não teve dor muscular, sendo de 0,79±0,71.
Todos os procedimentos
estatísticos foram realizados pelo GraphPad Prism, versão 5.0. O teste Shapiro
Wilk detectou distribuição não normal dos dados analisados do mesociclo 2 e 3 e
o teste Kolmogorov Smirnov identificou o mesmo no mesociclo 1 e 4. A ANOVA de
Kruskal Wallis detectou diferença estatística nas comparações da CI, H (3) =
10,82, p = 0,01. O post hoc Dunn determinou diferença estatística nas seguintes
comparações (p≤0,05): mesociclo 2 versus o mesociclo 4.
Estrutura da periodização para um
jogador de voleibol em 2018
A periodização específica para o
voleibol de 2018 objetivou a prática de uma pliometria com maior altura, visou
aumentar a circunferência da panturrilha direita (lado que o tendão esteve
lesionado) e manutenção das capacidades motoras condicionantes (força rápida de
resistência, aeróbio e anaeróbio).
O mesociclo 1 foi realizado de janeiro a
março com 50 sessões e 40 dias de descanso (teve uma CI média de 641,6±477,4 UA
e foi realizado pelo microciclo fraco, médio e forte), o mesociclo 2 foi
efetuado de abril a junho com 57 sessões e 62 dias de descanso (CI média de
641,3±690,6 UA, microciclo médio e forte), o mesociclo 3 foi praticado de julho
a setembro com 42 sessões e 50 dias de descanso (CI alta de 1126±1116 UA,
microciclo de teste, fraco, médio e forte) e o mesociclo 4 foi executado de
outubro a dezembro com 45 sessões e 42 dias de descanso (CI alta de 852,8±1057
UA, microciclo de teste, fraco e forte). A classificação da CI do mesociclo e
do microciclo foi baseada em Marques Junior (2017e). Os mesociclos 1 a 3 foram
realizados no período de treino e o mesociclo 4 foi efetuado no período
recuperativo.
No mesociclo 1 e 2 o treino foi similar,
ocorrendo alongamento dinâmico igual aos anos anteriores, o voleibol no paredão
e a corrida contínua aeróbia de no máximo 30 minutos foram efetuados como
treino recuperativo. O voleibolista praticou jardinagem na sua casa, sendo
estabelecido como treino recreativo. A ênfase do treinamento foi a musculação
de força rápida de resistência com os exercícios sendo executados pela
preparação de força especial e pelo treino pliométrico, ambos treinos de força
foram trabalhados conforme as indicações de Verkhoshanski (1995).
A pliometria foi praticada na altura de
40 cm (2 a 3 séries e 6 saltos), mas em junho isso mudou, a sessão foi
realizada com três barreiras de 40 cm e três barreiras de 56 cm (3 séries e 6
saltos). O TI de velocidade de resistência na distância de 6 m ocorreu após a
musculação (2 séries e 5 repetições, pausa de 10 a 30 segundos). A fisioterapia
foi efetuada similar aos anos anteriores, mas em 29 de junho de 2018 esse
trabalho mudou um pouco, para saber mais veja na parte 1. O trabalho de karatê
passou a ser mais intenso, ocorrendo em 15 minutos, a partir da base livre o
atleta praticou soco no makiwara (gyaku zuki, kizami zuki e oi zuki) e começou a ser exercitado
chute no saco de pancada (mae geri e mawashi geri).
O mesociclo 3 iniciou
com o microciclo de teste em 2 a 11 de julho de 2018, no inverno, mas não foram
feitos saltos verticais por questão de cautela com o tendão calcâneo. O treino
do mesociclo 3 foi similar ao 1 e 2, mas a CI desse mesociclo foi alta porque
aconteceu muito treino recreativo (total de 14 sessões), acontecendo através da
jardinagem.
O mesociclo 4 teve uma
CI alta porque o atleta estava muito cansado e estressado. A ênfase do trabalho
foi o treino recuperativo, por esse motivo foi realizado a corrida contínua
aeróbia por 20 a 60 minutos ou treino recreativo que era através da jardinagem
e/ou com concertos de obra – rejunte, manutenção da pintura do portão etc. O
treino recuperativo aeróbio visou diminuir o estresse emocional (Mello et al.,
2005) e reduzir os valores da dor muscular desse atleta (Marques Junior, 2016).
A fisioterapia continuou a ser praticada. No mesociclo 4 foi realizado o
microciclo de testes em 20 a 24 de dezembro de 2018, mas não foram praticadas as
avaliações de salto porque o treinador ainda estava fortalecendo a panturrilha
e o tendão calcâneo. O teste POMS Reduzido indicado por Viana et al. (2001)
chamou atenção nesse mesociclo 4, o resultado do POMS pela perturbação total de
humor foi de 90 no 1º semestre e nesse mesociclo foi de 109, mas ainda foi
detectado nesse mesociclo um desajuste do treino que significa que o esportista
tinha risco de sobretreino.
Os mesociclos tiveram
diferentes tempos médios em 2018 - 85,26 minutos no mesociclo 1, 91,19 minutos
no mesociclo 2, 146,2 minutos no mesociclo 3 e 153,5 minutos no mesociclo 4. Em
todos os mesociclos a monotonia das cargas foi abaixo de 2 (0,12 UA do
mesociclo 1, 0,59 UA do mesociclo 2, 1,46 UA do mesociclo 3 e 0,89 UA
do mesociclo 4), então a carga de treino
não causou risco de saúde para o atleta do estudo
(Foster, 1998). No mesociclo 1 a 3 não foi identificado dor muscular (0,46 do
mesociclo 1, 0,83 do mesociclo 2 e 0,62 do mesociclo 3) e teve uma dor muscular
leve no mesociclo 4 com valor 1. Lembrando, esses valores são a média da dor
muscular de cada mesociclo.
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados pelo GraphPad
Prism, versão 5.0. O teste Shapiro Wilk detectou distribuição não normal de
todos os dados analisados do mesociclo 1 a 4. A ANOVA de Kruskal Wallis não
identificou diferença estatística nas comparações da CI, H (3) = 7,61, p =
0,06.
Conclusão
O treino periodizado que foi
aplicado no voleibolista após a lesão no tendão calcâneo direito no período de
2014 a 2018 (por 5 anos) teve o intuito de recuperar os níveis de força dos
membros inferiores e da hipertrofia da panturrilha direita desse atleta.
Em 2014 e 2015, o voleibolista
realizou os primeiros esforços no membro inferior direito após a ruptura
parcial no tendão calcâneo direito (Obs.: ocorreu em 2014, detalhes veja em
Marques Junior e Barbosa, 2016) - caminhada, trote, corrida contínua e
musculação. A pliometria foi efetuada somente com a perna esquerda – visou a
transferência cruzada da impulsão do salto para o membro inferior direito que
estava lesionado, ou seja, o intuito desse trabalho foi cautela nessas sessões
para evitar o risco de re-ruptura que é comum no período de 1 a 6 meses.
Em 2016, o treinamento foi com
maior carga de treino, sendo uma continuidade dos anos anteriores. Nesse
momento, ocorreu um trabalho diferente, o voleibolista passou a treinar com uma
equipe de voleibol master (todo sábado nos meses de junho a outubro), momento
que aconteceram os primeiros saltos desse jogador atacando na rede com salto a
meia altura e no treino físico esse atleta começou a fazer pliometria
praticando os fundamentos do voleibol.
Em 2017 e 2018, o trabalho da
pliometria foi mais acentuado – ver tabela 3, e o mesmo aconteceu com as demais
sessões – treino intervalado, musculação e outros. Portanto, em 2017 e 2018 o
voleibolista começou a saltar com ambos os membros inferiores, mas o atleta não
praticou teste de salto vertical por causa do esforço máximo dessa avaliação,
podendo ocorrer re-ruptura. Apesar da evolução do treino ao longo dos anos, de
2014 a 2018 (por 5 anos) esse atleta continuou a fazer fisioterapia para
fortalecer a panturrilha direita (perna do tendão calcâneo que esteve
lesionado), ela tinha uma menor hipertrofia do que a panturrilha esquerda –
veja na parte 1.
Em conclusão, o treino periodizado
permite que o atleta consiga elevar a carga de treino gradativamente com
segurança após uma ruptura parcial no tendão calcâneo.
Referências
Bibliográficas
Arruda, M., e Hespanhol, J. (2008). Fisiologia
do voleibol. São Paulo: Phorte. p. 21-26.
Bacurau, R., Navarro, F., Uchida, M., e
Rosa, L. (2001). Hipetrofia-Hiperplasia. São Paulo: Phorte. p. 42-45.
Banff Sport Medicine (2012). Rehabilitation
program for Achilles tendon rupture repair. -(-),-.
Barbanti, V. (2010). Treinamento
esportivo: as capacidades motoras dos esportistas. Barueri: Manole. p.
208-233.
Chiappa, G. (2001). Fisioterapia nas lesões do
voleibol. São Paulo: Robe.
Capital and Cost District Health Board
(2014). Achilles
tendon rupture, -(-),-.
Fortes, C., e Carazzato, J. (2008). Estudo
epidemiológico da entorse de tornozelo em atletas de voleibol de alto
rendimento. Acta
Ortopédica Brasileira, 16(3),
142-147.
Foster, C. (1998). Monitoring training in athletes
with reference to overtraining syndrome. Medicine and Science in Sports and
Exercise, 30(7),
1164-1168.
Germán, D., Quevedo, R., Goenaga, J., e
Guinea, J. (2009). Achilles tendon recurrent rupture following surgical repair:
report on two cases. Foot and Ankle Surgeons, 15(3), 152-154.
Hess, G. (2010). Achilles tendon rupture. Foot
& Ankle Specialist, 3(1), 29-32.
Marques Junior, N. (2010). Seleção de testes para o jogador de
voleibol. Movimento e Percepção, 11(16), 169-206.
Marques Junior, N. (2015). Saque tipo tênis com conteúdo da
biomecânica: teoria para futura pesquisa. Lecturas: Educación Física y
Deportes, 20(207), 1-10.
Marques Junior, N. (2016). Dor muscular tardia: procedimentos para
acelerar a redução desse inconveniente neuromuscular. Revista 100-Cs, 2(4), 7-36.
Marques Junior, N. (2017a). Confiabilidade
da escala de faces da percepção subjetiva do esforço adaptada de Foster: um
estudo no voleibol master. Revista 100-Cs, 3(1), 29-42.
Marques Junior, N. (2017b). Confiabilidade
da escala de faces da percepção subjetiva da dor muscular do esforço físico do
voleibol: um estudo no voleibol master. Revista Brasileira de Prescrição e
Fisiologia do Exercício, 11(67), 405-415.
Marques Junior, N. (2017c). Periodização
específica para o voleibol: atualizando o conteúdo da carga de treino. Revista
Observatorio del Deporte, 3(4), 32-60.
Marques Junior, N. (2017d). Efeito do solo
nos membros inferiores do jogador de voleibol: uma revisão sobre o salto.
Revista Inclusiones, 4(esp), 144-159.
Marques Junior, N. (2017e). Periodização
específica para o voleibol: uso do macrociclo elaborado no Excel®. Revista Actividad Física y Ciência, 9(2), 56-77.
Marques Junior, N. (2020). Specific
periodization for the volleyball: the importance of the residual training
effects. MOJ
Sports Medicine, 4(1), 4-11.
Marques Junior, N. (2022). Periodização
específica para o voleibol: estruturação subjetiva da carga do treino com bola.
DeporVida, 19(53), 97-113.
Marques Junior, N. (2024a). Periodização
de cargas seletivas aplicada no voleibol. DeporVida, 21(61), 109-127.
Marques Junior, N. (2024b). Carga de
treino do voleibol com a escala de percepção subjetiva do esforço. DeporVida,
21(60), 145-165.
Marques Junior, N., e Barbosa, O. (2016).
Lesão no tendão calcâneo de um atleta de voleibol: relato de experiência. Revista
Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, 10(57), 29-66.
Mello, M., Boscolo, R., Esteves, A., e
Tufik, S. (2005). O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, 11(3), 203-207.
Nieman, D. (1999). Exercício e saúde. São
Paulo: Manole.
Rodríguez, E., Galeno, J., Aristizábal,
D., Ulchur, V., e Rengifo, A. (2024). Training periodization models used in swimming and for
swimming: a review. MLS-Sport Research, 4(1), 33-48.
Silbernagel, K., Willy, R., e Davis, I.
(2012). Preinjury and postinjury running analysis along with measurements of
strength and tendon length in a patient with a surgically repaired Achilles
tendon rupture. Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, 42(6),
521-529.
Silva, E., Ferreira, W., e Oliveira, E.
(2023). Avaliação
e complicações da tenorrafia do tendão de Aquiles: uma revisão de literatura.
Revista Saúde (Santa Maria), 49(2), 1-16.
Verkhoshanski, Y. (1995). Preparação de
força especial. Rio de Janeiro: GPS. p. 41-101.
Verkhoshanski, Y. (1996). Força:
treinamento da potência muscular. Londrina: CID. p. 21-80.
Viana, M.,
Almeida, P., e Santos, R. (2001). Adaptação portuguesa da versão reduzida do
Perfil de Estado de Humor – POMS. Análise Psicológica, 1(19), 777-792.