Revisão Recibido:
23/11/2023 │ Aceptado: 01/02/2023
Formação da
Alemanha Oriental - parte 1
Formation of the East Germany – part 1
Nelson Kautzner Marques
Junior. RJ. Brasil.
[kautzner123456789junior@gmail.com]
Resumo
O
objetivo da revisão foi explicar como foi criada a Alemanha Oriental e como
essa nação foi sovietizada. A parte 1 explicou como a Alemanha participou da 1ª
e 2ª Guerra Mundial, ainda informou como foi formada a República Democrática
Alemã (RDA). A parte 2 informou como a RDA foi sovietizada no período de 1949 a
1989. Em conclusão, a RDA era um capitalismo estatal com alguns benefícios da
Revolução Russa de 1917.
Palavras
Chave: política; guerra; Alemanha; economia.
Abstract
The objective of the review was to explain how East
Germany was created and how this nation was Sovietized. Part 1 explained how Germany participated in the
1st and 2nd World Wars, and also informed how the German
Democratic Republic (GDR) was formed. Part 2 informed how the GDR was
Sovietized in the period from 1949 to 1989.
In conclusion, In conclusion, the GDR was state capitalism with some
benefits from the Russian Revolution of 1917.
Keywords: politics; war;
Germany; economy.
Introdução
O
regime político influencia como o esporte é conduzido em uma nação (Marques
Junior, 2021, 2022a) e também causa influência nas pesquisas científicas sobre
o esporte (Marques Junior, 2022b, 2022c). Essas afirmações foram evidenciadas
nos países da escola socialista do treinamento esportivo (era composto por
União Soviética, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Iugoslávia, Polônia,
Romênia, Tchecoslováquia e Cuba), o Estado comandava o esporte e a linha de pesquisa
era carga de treino e periodização (Marques Junior, 2022d, 2023a, 2023b).
Sabendo disso, torna importante saber como a República Democrática Alemã (RDA)
foi formada, mais conhecida por Alemanha Oriental.
A Alemanha esteve presente na 1ª e na 2ª Guerra Mundial (GM), não tendo êxito nesses dois conflitos mundiais. Após a derrota na 2ª GM, a Alemanha foi ocupada na parte ocidental por algumas nações e na região oriental pela União Soviética que fundou em 1949 a RDA (Miranda, 2015). Quando foi fundada a RDA essa nação aderiu o regime político soviético e isso influenciou no esporte.
O objetivo da revisão foi explicar como foi criada a Alemanha Oriental e como essa nação foi sovietizada.
Desenvolvimento
1ª e 2ª Guerra Mundial
Em 1914 nos
Bálcãs, o arquiduque Francisco Fernando do Império Austro Húngaro foi
assassinato com um tiro e isso desencadeou na 1ª Guerra Mundial (1ª GM) no
período de 1914 a 1918 (Marques Junior, 2021). Porém, antes desse ocorrido, no
ano de 1800 a 1913, outros fatores foram responsáveis pela ocorrência da 1ª GM,
sendo os seguintes: 1º) constante crise do capitalismo, 2º) desentendimento dos
países imperialistas na partilha das colônias da África e Ásia, 3º) busca da
hegemonia no domínio do mundo dos países imperialistas, ou seja, quais nações
mandariam no mundo porque estava acontecendo desentendimento político e
econômico entre as potências imperialistas (Coggiola, 2017; Lênin, 1917), 4º) a
partir do final do século XIX aconteceu um significativo aumento no
investimento militar dos países imperialistas e outros (Santos, 2015).
Portanto, todos
esses acontecimentos somados com a morte do arquiduque Francisco Fernando
proporcionaram na 1ª GM, que foi uma guerra entre países imperialistas, isso
foi realizado entre a Tríplice Aliança (composto pelo Império Austro Húngaro,
Império Alemão, Império Turco Otomano e aliados) versus a Tríplice Entente
(França, Reino Unido, Império Russo até 1917 e em seu lugar entrou os Estados
Unidos da América em 1917 – EUA e aliados) (Agostino e Silva, 2015; Lênin,
1917).
Segundo Lênin, a existência do imperialismo sempre vai ocasionar guerras porque ele precisa de matéria-prima, manutenção da taxa de lucro, necessita de colônias para explorar ao máximo e de obter outros benefícios (Bugiato e Berringer, 2023; Cabral, 2015). Logo, para uma nação impor esse domínio sobre os demais países, ela consegue através da força militar e em determinadas situações resultam em guerras.
Próximo do fim
da 1ª GM – terminou em 11 de novembro de 1918, civis e militares alemães começaram
a protestar contra a monarquia, então, o rei alemão resolveu abdicar o trono em
9 de novembro de 1918 e no mesmo dia foi proclamada a República Alemã (Freitas,
2022; Schröder, 2022). A Tríplice Entente venceu a 1ª GM, isso levou a punição
dos países derrotados no conflito bélico (Marques Junior, 2021).
Vários tratados puniram as nações da Tríplice Aliança, mas isso aconteceu sem a presença dos derrotados na 1ª GM – Tratado de Sèvres para o Império Turco Otomano, Tratado de Trianon para o Império da Hungria, Tratado de Saint-Germain para o Império Austro Húngaro e outros tratados puniram os aliados (Agostino e Silva, 2015). Mas foi a República da Alemã a maior punida, sendo efetuado pelo Tratado de Versalhes em 1919 – perdeu várias partes do seu território, perdeu todas as suas colônias e a maioria era na África, foi obrigado a se desarmar e acabar com as forças armadas, teve que pagar a França e a Bélgica por danos materiais e outras punições (Agostino e Silva, 2015; Colombo e Favorato, 2020; Porto e Silva, 2019). Esse Tratado de Versalhes foi um dos causadores da 2ª Guerra Mundial (2ª GM), como as punições foram muito severas com os alemães, somente uma nova guerra no mundo poderia finalizar com as retaliações impostas pelos vencedores da 1ª GM aos germânicos (Santos, 2015; Scocozza, 2015).
Após a 1ª GM, a
República Alemã sofreu uma acentuada inflação de 1918 a 1922, vindo se tornar
uma hiperinflação a partir de 1923 (Lara, 2012). Em 1923, ocorreu acentuada
desvalorização do dinheiro alemão (sendo o marco), um carrinho de mão cheio de
marcos comprova um maço de cigarro e os camponeses passaram a não vender seus
produtos, só aceitavam o sistema de troca (Plath, 2022). Na República Alemã
aumentou significativamente o desemprego, cresceu o número de moradores de rua,
várias empresas faliram, diminuiu o poder de compra do povo, aumentaram a
quantidade de doenças, a população esteve envolvida em diversos protestos,
aconteceram saques nos supermercados, ocorreu uma decomposição social
(alcoolismo, droga e prostituição) e outros problemas (Coggiola, 2015a, 2015b,
Freitas, 2022; Lara, 2012).
O motivo da inflação e posteriormente da hiperinflação alemã foram os gastos na guerra, a crise do capitalismo no mundo do pós 1ª GM e as severas punições do Tratado de Versalhes (Coggiola, 2015a; Aquino e Silva, 2015). Em 1929 aconteceu uma crise econômica no mundo com a queda da Bolsa de Nova York que resultou em uma recessão econômica em vários países capitalistas na década de 30 (Limonic, 2015; Plath, 2022). Esses acontecimentos pioraram a hiperinflação na Alemanha, como o governo alemão recebia empréstimo dos EUA para pagar principalmente as dívidas ocasionadas pelo Tratado de Versalhes, isso veio ser interrompido e a economia da República Alemã entrou em colapso (Lara, 2012; Sbrocco, 2011). A figura 1 apresenta alguns acontecimentos da hiperinflação na República Alemã.
A B
Figura 1. (A) Alemão indo comprar pouca coisa com muito dinheiro e (B) dinheiro jogado na rua e sendo varrido pelo gari (Extraído de Coggiola, 2015a).
Adolf Hitler
nasceu em 20 de abril de 1889 na época do Império Austro Húngaro, no município
austríaco de Braunau am Inn que ficava próximo da fronteira da Alemanha
(Barbosa, 2023). Hitler deixou a escola aos 15 anos, mas gostava muito de ler,
também apreciava a pitura, música e a arte (Rodrigues e Azevedo, 2021). Aos 18
anos saiu da sua cidade natal e começou a viajar pela Áustria em busca de
melhor condição de trabalho, em Viena, capital do seu país, Hitler tentou tornar
pintor da Academia de Belas Artes, mas foi reprovado (Barbosa, 2023).
A partir desse momento, Hitler sobreviveu com dificuldade em Viena (Barbosa, 2023), mas em janeiro de 1914, próximo da 1ª GM, tentou integrar o exército do seu país e foi considerado inapto, então se alistou no exército do Império Alemão, se tornado cabo e atuou na 1ª GM como mensageiro (Freitas, 2022). Após a 1ª GM, apareceram vários partidos fascistas de extrema direita na Europa, um dos motivos disso foi por causa da crise do capitalismo do pós-guerra (Silva, 2015).
Em 1919, foi
fundado em Munique, na Alemanha, um partido de extrema direita com ideologia
fascista, sendo o Partido dos Trabalhadores Alemães que mudou de nome em 1920
para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido por
Partido Nazista (Meneses, 2023). Hitler se filiou a esse partido em 1919 e se
tornou líder do Partido Nazista em 1921 (Barros, 2023). A característica do
Partido Nazista era a divulgação da superioridade da “raça ariana” alemã – é a
raça pura, propagava ódio ao povo judeu – é o antissemitismo, sendo o racismo
alemão, eram anticomunistas, possuíam um nacionalismo excessivo – é o
chauvinismo, consideravam importante da
sociedade ser militarizada e outras (Barbosa, 2023; Silva, 2015; Silva e Sousa,
2023).
Mas para os membros desse partido chegarem ao poder, isso foi conquistado por imensa propaganda efetuada na entrega de panfletos, cartazes colados pela cidade, nos jornais e principalmente pelo rádio (Schröder, 2022). Essa iniciativa continuou quando Hitler chegou ao poder. A propaganda era tão importante para Hitler que ele escreveu o seguinte no seu livro, Mein Kampf (Minha Luta), que foi publicado em 1925: “se uma mentira fosse contada mil vezes passaria a ser verdade” (Sequeira, 2022).
Hitler para ter
ascensão, recebeu apoio da burguesia alemã de extrema direita (Barros, 2023).
Em março de 1932, Hitler concorreu a presidência e ficou em 2º lugar com 37%
dos votos e o presidente eleito Hindenburg teve 53% dos votos e ainda o Partido
Nazista elegeu 288 políticos para o Parlamento Alemão que tinha um total de 647
cadeiras (Meneses, 2023). O ex-1º ministro Von Papen realizou uma aliança
política com Hitler visando que ele chegasse ao poder.
Ele convenceu o presidente Hindenburg de demitir o 1º ministro Schleicher em 28 de janeiro de 1933 e no dia 30, Hitler se tornou 1º ministro (Meneses, 2023; Valente, 2022). Em 1934, o presidente Hindenburg faleceu, momento que Hitler assumiu os dois cargos (1º ministro e presidente) e implantou oficialmente uma ditadura na Alemanha (Silva, 2015). A ditadura nazista atuou energicamente no país, eliminou todas as pessoas que poderiam causar perigo ao regime político, exerceu repressão nas pessoas contrárias ao governo, considerou os comunistas como fora da lei, criou o 1º campo de concentração na cidade de Oranienburg (Silva, 2015), perseguiu os judeus e homossexuais, proibiu greves e sindicatos, procurou gerar empregos para combater a insatisfação alemã por causa da hiperinflação (Lara, 2012), deu muita atenção ao armamento militar e a indústria bélica para formar uma poderosa forças armadas (Sbrocco, 2011; Valente, 2022), manipulou os dados do crescimento econômico e do aumento de empregos e outros (Valente, 2022).
Visando a
doutrinação da população alemã referente ao pensamento nazista, o governo
alemão se preocupou muito com a educação criando em 1933 a Juventude Hitlerista
(JH) para os meninos e a Liga das Meninas Alemãs (LMA) para o gênero feminino
(Barbosa, 2023; Freitas, 2022; Sequeira, 2022). Essas organizações atuavam como
complemento escolar, de manhã escola e de tarde o jovem era encaminhado para JH
ou para a LMA (Meneses, 2023).
Nessas
instituições – JH e LMA, o educando iniciava criança e eram acompanhados até a
idade adulta, os meninos eram preparados para o trabalho civil ou para as
forças armadas e as meninas eram ensinadas a serem boas esposas para gerar
filhos sadios e a trabalhar no lar (Freitas, 2022). As meninas praticavam na
LMA atividades agradáveis para formar uma mulher “ariana” forte, orgulhosa e
disciplinada através da corrida, ginástica, natação, ginástica artística na
prova de solo e em exercícios com obstáculos (Meneses, 2023). Na JH, os meninos
praticavam o treino físico para tornar o corpo forte e preparando esse indivíduo
para ter sucesso nas forças armadas (Lopez et al., 2020).
Essas duas escolas de reforço escolar (JH e LMA) visavam preparar a população para uma possível guerra mundial e as disciplinas como história, biologia, matemática, geografia e a educação física foram ensinadas conforme o pensamento nazista e com diversas questões dessas matérias para o preparo militar (Lopez et al., 2020; Meneses, 2023). Por exemplo, em 1936 foi publicado um livro de física na Alemanha Nazista para ser utilizado no entendimento das ações militares – como usar arma, o efeito do vento na velocidade do projétil etc (Lopez et al., 2020). Outra iniciativa efetuada pelo governo nazista foi o incentivo do aumento da natalidade, onde o Estado alemão pagava um valor mensal para cada filho gerado (Silva e Sousa, 2023). O objetivo era aumentar a população alemã com as características da “raça ariana”, mas se a criança tivesse nascido com alguma doença ou fora dos padrões “arianos” era morta. Em 1934, entrou em vigor na Alemanha nazista a Lei da Esterilização, que previa a castração forçada do indivíduo que tinha doença hereditária, a justificativa para isso era que podiam nascer filhos doentes e isso seria um gasto excessivo para o Estado (Azevedo e Koehler, 2020). Outro motivo dessa lei, era evitar o nascimento de crianças fora dos padrões da “raça ariana”.
Quando Hitler
assumiu o poder da Alemanha em 1934, o país foi preparado para uma possível
guerra porque foi investido muito dinheiro em armas militares, as forças
armadas alemães foram novamente estruturadas e tiveram um treino inovador – ver
adiante a “guerra relâmpago”, os jovens foram preparados para se tornarem
militares através da Juventude Hitlerista e o Estado nazista incentivou o
nascimento de bebês para vários se tornarem militares.
Outros fatores colaboraram com o ímpeto da Alemanha nazista de começar em 1939 a 2ª Guerra Mundial (2ª GM), como as severas punições do Tratado de Versalhes e a crise do capitalismo que foi acentuada no período de 1918 a 1938, momento que a Alemanha atingiu a hiperinflação em 1923, mas foi um pouco amenizada em 1933 quando Hitler começou a trabalhar no governo como 1º ministro (Coggiola, 2015c; Lara, 2012; Limonic, 2015; Marques Junior, 2021). Os nazistas sabiam que podiam iniciar a 2ª GM porque alguns povos da Europa lutariam ao seu lado. Em 1936, três países imperialistas de regime político fascista realizaram uma aliança militar que foi denominada na 2ª GM de Eixo, sendo composto pela República Alemã, o Reino da Itália e o Império do Japão e posteriormente foram incluídos alguns aliados em 1940 (Hungria e Romênia), a Bulgária em 1941 e outros (Aquino, 2015; Marques Junior, 2021).
A Alemanha
nazista antes e durante a 2ª GM teve ampla mobilização militar para esse
conflito, aproximadamente lutaram 17.900.000 nazistas (Hong, 2023). Esse
contingente oficial de militares foi o maior, tendo os EUA com 16.354.000
militares, a China com 14.000.000 militares e a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) com 13.200.000 militares. O objetivo de Hitler mobilizar
uma grande força militar era por causa do objetivo nazista, 1º conquistar a
Europa e depois o mundo (Matos, 2022). Essa mobilização dos militares nazistas
incluiu vários atletas de elite na 2ª GM, como o boxeador Max Schmeling que foi
campeão mundial nos anos 30, o saltador em distância Lutz Long que foi medalha
de prata na Olimpíada de 36 e morreu em combate como soldado em 1943, o
arremessador de peso Hans Woelke que foi medalha de ouro na Olimpíada de 36 e
morreu em uma emboscada soviética como capitão da SS em 1943 e outros (Möller,
2008).
A 2ª GM iniciou
em 1º de setembro de 1939 com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista com a
inovadora guerra relâmpago (Blitzkrieg) que consistia do ataque simultâneo de
aviões, de blindados (termo novo para tanque), de infantaria motorizada e a pé
(Marques Junior, 2022d; Noguchi, 2022). Em 1 mês os poloneses foram derrotados
pela Blitzkrieg (Noguchi, 2022), com essa tática de guerra os nazistas
conquistaram 9 países da Europa – Dinamarca e Noruega
em abril de 1940, Luxemburgo em maio de 1940, Bélgica, Holanda e França em maio
e junho de 1940, Iugoslávia e Grécia em abril de 1941 (Agostino e Silva, 2015b;
Masterson, 2023). Para os alemães conseguírem esse feito, foram dopados vários
militares para eles aguentarem as longas horas de viagem até os países inimigos
e para esses nazistas suportarem por muitas horas as batalhas (Kamienski,
2002). Inicialmente os nazistas suplementaram os soldados com anfetaminas, mas
depois foi substituído por metanfetaminas porque os efeitos são mais intensos e
duradouros. As metanfetaminas eram oferecidas para os soldados através das
pílulas de Pervitin que deixava os combatentes nazistas mais alertas e com
maior concentração, ainda diminuía o sono, a fome, a sede e aumentava a capacidade
de suportar a dor (Gomes, 2021).
Outra maneira do soldado alemão consumir metanfetaminas era por tabletes de chocolate, sendo oferecido para aviadores, para os soldados do blindado e para os integrantes dos carros de combate (Kamienski, 2002). Os soldados nazistas da infantaria também fizeram uso de esteroides anabolizantes para aumentar a força e a agressividade (Marques Junior, 2015). Além da Blitzkrieg e do doping, a dieta dos militares alemães eram muito pesquisadas a ingestão de calorias para os combatentes terem alta performance nas batalhas, os nazistas na 2ª GM eram tratados como verdadeiros atletas e a nutrição militar era minuciosamente elaborada pelos cientistas da fisiologia e da medicina militar (Mesquita e Sattler, 2023). Lembrando, durante a 2ª GM os combates foram entre o Eixo (os líderes eram a República Alemã, o Reino da Itália e o Império do Japão e os aliados) versus os Aliados (Reino Unido, EUA e URSS e aliados).
A
Alemanha nazista venceu todos os combates com a Blitzkrieg, mas quando resolveu
atacar o fronte oriental em 1941, inicialmente os nazistas e aliados entraram
com facilidade no território da URSS, mas os nazistas sofreram a 1ª derrota em
terra da 2ª GM na Batalha de Moscou em 1942 para o exército soviético e com a
ajuda do povo que praticava o esporte e a atividade física estando inserido a
cultura física que estabelece o treino militar para a população (Marques
Junior, 2022c; Pitillo, 2015). Porém, a derrota mais famosa dos nazistas para
os soviéticos ocorreu na Batalha de Stalingrado em fevereiro de 1943, momento
que praticamente a 2ª GM acabou, permitindo a virada dos Aliados sobre o Eixo e
posteriormente a expulsão do território da URSS (Marques Junior, 2022c).
Esse
ocorrido facilitou o Dia D em 6 de junho de 1944 na Normandia na França, porque
o maior contingente militar do nazifascismo foi derrotado ou eliminado nas
batalhas contra a URSS. Posteriormente, a Alemanha nazista foi derrotado pelos
soviéticos na Batalha de Berlim em maio de 1945 e Hitler se suicidou em abril
do mesmo ano (Pitillo, 2015). Em 17 de julho a 2 de agosto 1945, os vencedores
da 2ª GM (Reino Unido, EUA e URSS) se reuniram na Conferência de Potsdam,
cidade próxima de Berlim que estava ocupada pelo exército da URSS, sendo
estabelecido em 22 de junho de 1945 que a Alemanha seria dividida para o
enfraquecimento militar (Dondoli, 2018; Miranda, 2015; Pacheco, 2022). Então,
três países imperialistas (Reino Unido, EUA e França) ficaram com a parte
ocidental da Alemanha e a URSS ficou com a região oriental.
O mesmo ocorreu com Berlim, sendo exposto na figura 2. Em 7 de outubro de 1949 a URSS fundou a República Democrática Alemã (RDA), mais conhecida por Alemanha Oriental. Nesse momento a RDA aderiu ao regime político da URSS.
A B
Figura 2. (A) Divisão da Alemanha, tendo destaque para Berlim dividida no setor soviético e (B) Berlim dividida com o muro de Berlim (Extraído de https://viajepordois.wordpress.com/2014/04/17/berlim-e-o-muro/). Sovietização da RDA em 1949 a 1989
O período de 1945 a 1948 a parte oriental da Alemanha ficou ocupada pelo exército vermelho da URSS para desnazificação dessa nação (Steinert, 2023). Em 7 de outubro de 1949, foi fundada pelos soviéticos a RDA que foi governado com o regime político da URSS. A RDA era comandada por um único partido, o Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA) que era representado pela cor azul, por esse motivo o uniforme dos atletas da RDA eram azul (Magallón, 2009) – veja a vida na “cortina de ferro” em https://www.youtube.com/watch?v=D7L0J0-b50I. A RDA foi governada com forte repressão do povo alemão oriental, isso era efetuado pelo Ministério para a Segurança do Estado (em alemão é Ministerium für Staatssicherheit), conhecido pela abreviação STASI (as letras em negrito e com realce amarelo da Staatssicherheit formam o nome reduzido dessa instituição) (Steinert, 2023). A STASI dispunha de 100 mil agentes oficiais e de 500 mil informantes (Vianna, 2015a), isso acarretou na prisão de várias pessoas e muitos desapareceram por causa dessa ditadura (Roberts, 2023). O trabalho dessa polícia política era similar ao da KGB – veja o documentário sobre a STASI em https://www.youtube.com/watch?v=MVUgCWfQIIM, museu da STASI em https://www.youtube.com/watch?v=h4L8rX1UBf0 e TED: os segredos da STASI em https://www.youtube.com/watch?v=IWjzT2l5C34.
Esse aparato de
repressão exercia forte censura em tudo da RDA, jornal, televisão, rádio,
livros e outros eram controlados pelo Estado (Hornuf et al., 2023). Nos meios
de comunicação da RDA eram informados que aquele regime político o povo vivia
muito bem e no capitalismo a população tinha péssima condição de vida. O acesso
à cultura, ciência e tecnologia era estabelecido pelo Estado, podendo ser
censurado ou permitido o domínio público, dependia se o conteúdo estava de
acordo com o regime político da RDA (Cornelsen, 2009).
Caso cultura, ciência e tecnologia tivessem alguma relação com o capitalismo imediatamente era proibido pelo Estado. Por exemplo, viajar para os países do mundo capitalista era proibido na RDA, somente um número reduzido da população da Alemanha Oriental conseguia estudar e/ou passar férias nas nações da “cortina de ferro” (Matos, 2010). Na RDA os chefes de Estado e atletas internacionais podiam viajar para nações capitalistas quando estavam a trabalho. Portanto, a RDA tinha o mesmo regime político da URSS, uma ditadura com alguns conteúdos do comunismo (ensino público, saúde gratuita etc) e tendo um capitalismo estatal (Marques Junior, 2022d). Os ditadores que comandaram a RDA foram Wilhelm Pieck (1949 a 1960), Walter Ulbricht (1960 a 1973), Willi Stoph (1973 a 1976) e Erich Honecker (1976 a 1989). Para fingir que a RDA era comunista, vários símbolos desse regime político eram colocados no país, por exemplo, no centro da bandeira da RDA tinha um conteúdo comunista, sendo o brasão de armas onde tinha o martelo que simbolizava os operários, o compasso que representava os intelectuais e a coroa de espigas de milho que simbolizava os camponeses (Jurt, 2012).
A Alemanha Ocidental obteve acelerado crescimento econômico por causa do Plano Marshall, que foi uma ajuda financeira dos EUA no período de 1948 a setembro de 1951 na reconstrução dos países europeus ocidentais no pós 2ª GM (Varela, 2019). Porém, na RDA foi diferente, a economia ficou atrasada no pós 2ª GM porque a reconstrução do país foi com o seu próprio esforço, não constando com a ajuda financeira da URSS (Fernandes, 2014). Em 25 de janeiro de 1949, o ditador soviético Stalin criou o COMECON para ajudar na economia dos países do bloco soviético (Vianna, 2015b). Inicialmente os países que receberam ajuda do COMECON foram Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária e Albânia. A RDA só foi agraciada financeiramente com o COMECON em 1962 (Vianna, 2015b) – veja no documentário A history of the other Germany em https://www.youtube.com/watch?v=KFlfjE60pUM.
Esse melhor desenvolvimento econômico da Alemanha Ocidental e a ditadura imposta na RDA com constante repressão da STASI proporcionaram frequente emigração de Berlim oriental para a ocidental (Horz e Marbach, 2020). O objetivo do alemão oriental era obter maior salário, conquistar melhor condição de trabalho, ter acesso a uma alimentação mais diversificada, fazer uso de mais tipos de roupas e de calçados, utilizar uma tecnologia mais avançada e variada, fugir da repressão do Estado etc. Entre 1949 a 1961 existiam 20 milhões de habitantes na RDA, mas com as emigrações dos alemães orientais para a Alemanha Ocidental a quantidade de pessoas no país reduziu para 17,2 milhões de indivíduos, ou seja, 2,8 milhões de orientais deixaram a nação (Matos, 2010). Para conter a emigração das pessoas da RDA para a Alemanha Ocidental porque essa atividade prejudicava a economia, o país perdia a mão de obra qualificada, os dirigentes da RDA ordenaram que os soldados, os membros da STASI e os operários colocassem cerca de arame farpado para evitar que Berlim oriental ficasse sem habitantes, da noite do dia 12 de agosto para o dia 13 do mesmo mês de 1961 foi instalada essa barreira (Almeida, 2009; Frotscher, 2015; Menzel e Menzel, 2016). Alguns dias depois, foi tirada a cerca de arame farpado e colocado um muro de concreto que impedia emigrar de Berlim oriental para ocidental (Frotscher, 2015). Após esse ocorrido começaram as fugas da RDA para a Alemanha Ocidental. A figura 3 ilustra esse ocorrido.
Figura 3. Emigração de Berlim oriental para ocidental e fuga a partir de 1961 de Berlim oriental para ocidental quando o muro de Berlim foi colocado (Adaptado de Michel et al. 2023).
A economia da RDA seguia o modelo soviético, vindo sofrer uma burocracia econômica, ocorrendo o mesmo na URSS (Zofka, 2023). As indústrias da RDA era estatizada e a maioria dos empregos para o alemão oriental eram fornecidos pelo Estado, isso ocorria na URSS (Bathelt, 2009). Na RDA existia pouco desemprego porque o Estado se preocupava em fornecer trabalho para a maioria das pessoas (Hilmar, 2023) – veja em https://www.youtube.com/watch?v=I44SjqBZbiE. Mas como o país passou por diversas crises econômicas nos anos 50 a 80, isso resultou em diversos protestos na rua da população da RDA por causa da insatisfação dos salários fornecidos pelo Estado e também, devido a repressão efetuada pela STASI (Dale e Korica, 2023; Deter e Lange, 2023). Um dos mais famosos protestos na RDA ocorreu em 1953, essas manifestações na rua foram reprimidas e totalmente cessadas com ajuda das forças militares da URSS (Hornuf, 2023). Portanto, era muito difícil viver na RDA. Por exemplo, carro era um produto de luxo, só existia o Trabant, o alemão oriental encomendava ao governo o veículo e precisava esperar por 10 a 15 anos para ter o automóvel (Menzel e Menzel, 2016). Em alguns casos, o cidadão comprova o Trabant e morria sem fazer uso do carro. O Trabant foi introduzido na RDA em 1957, ele tinha um material barato e inovador, uma fibra de plástico flexível que formava o seu corpo, não sendo ferro (Rubin, 2009). Apesar das dificuldades da RDA, ocorreu aumento do consumo para cada 100 pessoas dessa nação no período de 1970 e 1981, sendo exposto na figura 4 (Pradales, 2017).
Figura 4. Aumento do consumo da RDA (Extraído de Pradales, 2017).
Em outubro de 1945, a parte oriental da Alemanha que era comandada pela URSS tomou a terra de todos os proprietários e quando foi formada a RDA, essa terra pertencia ao Estado e tendo os trabalhadores do campo remunerados pelo governo alemão oriental nas fazendas coletivas (Ramet, 2023). As fazendas coletivas, eram o nome dado pelos soviéticos para essa maneira de trabalhar em equipe no campo. Esse procedimento de estatização da terra foi vantajoso porque todos os trabalhadores do campo tinham salário garantido.
A RDA forneceu
os benefícios da Revolução Russa de 1917 para o povo alemão oriental, como
emancipação da mulher, ensino público de excelência, saúde gratuita de
qualidade e moradia para todos. Na RDA foram criadas diversas associações de
defesa da mulher, o gênero feminino passou a trabalhar em postos de trabalho
considerados masculinos (Harsch, 2000), o mesmo ocorreu com o esporte de alto
rendimento (Tubino, 1993). O governo da RDA se preocupou com a mulher e
decretou igualdade com o homem, incentivou o gênero feminino trabalhar fora de
casa e ofereceu proteção especial para mulher e para criança como licença
maternidade e creche para os filhos (Kraz, 2005; Trappe e Rosenfeld, 2000).
A Constituição de 1949 da RDA estabeleceu salário igual para homens e mulheres, além do gênero feminino ter direito a licença maternidade, a mulher podia retornar ao trabalho com o mesmo nível salarial após o nascimento da criança (Trappe e Rosenfeld, 2000). Como a RDA incentivava a mulher trabalhar fora, mesmo se tivesse filho não era um problema, porque o Estado fornecia creche para a criança, então na RDA a maioria das mulheres trabalhavam em alguma empresa estatal dessa nação (Effinger e Smidt, 2011). Outro benefício que a RDA causou para as mulheres, foi o aumento do gênero feminino no ensino superior (Marques Junior, 2022d). Então, incentivar a mulher a estudar na universidade gerou para a RDA uma mulher mais qualificada para o mercado de trabalho (Campa e Serafinelli, 2019). A figura 5 apresenta o aumento da mulher no mercado de trabalho e na universidade (Nickel, 1998).
Figura 5. Dados da mulher no trabalho fora e na universidade (Extraído de Nickel, 1998).
A educação na RDA era pública para todas as idades, começava criança e ia até a idade adulta, ou seja, da creche até a universidade (Cheruvu, 2023). A educação da RDA era uma das melhores do mundo, o estudante gastava apenas uma pequena quantia de alimentação (Goulart, 2014; Menzel e Menzel, 2016). Quando o universitário terminava a sua graduação, geralmente estava empregado porque na RDA o Estado precisava constantemente de mão de obra qualificada (Schömann et al., 1997). Talvez isso tenha ocorrido por causa da emigração dos alemães orientais para a Alemanha Ocidental em busca de melhores salários e a partir de 1961, com a construção do muro de Berlim, ocorreram as fugas de Berlim oriental para ocidental. Apesar da educação de excelência, o país vivia uma ditadura, então o material escolar, o plano de aula e qualquer conteúdo escolar e universitário eram vigiados pela STASI (Bruen, 2014). Porém, existia outra vantagem do alemão pertencer a RDA, era o acesso a saúde pública de excelência para todas as idades e existiam muitos hospitais e médicos nessa nação (Bruns et al., 2023). Isso ocorria na maioria dos países do bloco soviético (Marques Junior, 2021, 2022d).
A RDA fingia que a população vivia em um regime político comunista, por exemplo, existia uma padronização na moradia que seguia a arquitetura soviética – as casas e conjuntos habitacionais eram parecidos, o realismo socialista (Coelho, 2010; Marques Junior, 2022e). Os pertences materiais também seguiam essas ideias (roupa, sala de jantar, carro etc), existia somente alguns utensílios para uso e sem diversificação, e ainda eram fabricados para durar por muitos anos, sendo diferente do mundo capitalista que tem um período de validade para ocorrer o constante consumo (Chauliac, 2011). Portanto, a padronização dos objetos de uso visava uma sociedade mais igualitária e isso desencadeava num país com menos violência e com aparência similar na distribuição de renda. Outra vantagem da RDA era o baixo custo da roupa e da alimentação, visando que todas as pessoas tivessem acesso a esse bem de consumo (Menzel e Menzel, 2016).
Os países do bloco soviético seguiam a política da URSS de moradia para todos, geralmente o Estado fornecia uma moradia de graça ou mais barata (Marques Junior, 2021). Porém, esse ocorrido não foi encontrado na literatura da RDA, apenas Menzel e Menzel (2016) informaram que o aluguel de uma casa ou apartamento era muito barato. O período de 1945 a 1951 o governo da Alemanha e depois da RDA (foi fundada em 1949) reconstruiu os estragos causados pela 2ª GM que tinha como arquitetura o modernismo de Weimar (Butter, 2017). Após esse momento, as novas construções da RDA passaram por um processo de sovietização durante 1951 a 1955, a arquitetura adotada foi o realismo socialista (Jenkins, 2014). O realismo socialista continuou nos anos seguintes porque a URSS desenvolveu em 1956 casas pré-fabricadas que eram mais baratas e mais velozes de serem construídas (Rubin, 2006). Nos anos 70 e 80, o realismo socialista continuou a ser utilizado nas casas e apartamentos da RDA, mas as edificações eram mais coloridas (Jenkins, 2014). Outra arquitetura que foi adotada nos anos 80 foi o pós-modernismo, sendo edificações pré-fabricadas que tornava mais veloz a construção (Butter, 2017).
Os meses de
setembro a novembro de 1989, aconteceram aproximadamente 1.287 protestos na RDA
(Deter e Lange, 2023). Isso ocorreu por causa da crise econômica do país e
contra a repressão imposta pela STASI (Domingos et al., 2019; Frotscher, 2015;
Pacheco, 2022). Em 1989, por causa do descontentamento do alemão oriental com a
vida que levava na RDA, fugiram do país aproximadamente 10 mil pessoas
(Frotscher, 2015). Então, para evitar o fim da RDA, o governo alemão oriental
passou a autorizar viagens a partir de 9 de novembro de 1989, com o intuito de
acalmar a revolta da população. Também foi autorizado pelos comandantes da RDA
que o alemão oriental poderiam visitar Berlim ocidental sem visto (Lenz, 2013).
Mesmo com esses benefícios, os protestos continuaram e vários alemães orientais
passaram para Berlim ocidental e muito berlinenses orientais começaram a
quebrar o muro de Berlim, esse ocorrido ocasionou a reunificação da Alemanha em
3 de outubro de 1990 (Deter e Lange, 2023; Fernandes, 2014).
Após esse ocorrido a RDA aderiu oficialmente o capitalismo, acontecendo privatização de várias empresas estatais da Alemanha Oriental (Vianna, 2015c). Essas privatizações levaram ao desemprego de vários cidadãos da RDA e os preços dos serviços (água, esgoto, luz e outros) para a população aumentaram. O leitor pode ver esse ocorrido no documentário Catastroika em https://www.youtube.com/watch?v=Qam7h1jMIwI. Esse acontecimento das privatizações e a piora da qualidade de vida do ex-alemão oriental que tinha uma vida com emprego estável, baixo custo dos bens de consumo e outros benefícios – veja em https://www.youtube.com/watch?v=fqLNoBebpgU, levaram ao antigo morador da RDA a ter saudade (uma nostalgia, em alemão é ostalgie) daquele país que não existia mais (Bach, 2014; Chauliac, 2011; Santos, 2021).
Conclusões
A 1ª GM acabou
em 1918, a Alemanha saiu derrotada e recebeu severas punições do Tratado de
Versalhes, vindo sofrer a partir de 1923 uma hiperinflação que se agravou com a
crise econômica capitalista nos anos 30. Essa crise econômica alemã contribuiu
com a ascensão de Hitler em 1933, ele implantou uma ditadura nazista em 1934 e
começou a preparar a nação para uma guerra mundial. A 2ª GM começou em 1939, a
Alemanha nazista conquistou 9 países da Europa até 1941.
Porém, quando
os nazistas resolveram invadir a URSS em 1941, sofreram a 1ª derrota da 2ª GM
frente aos soviéticos, isso foi em 1942 na Batalha de Moscou. Outro fracasso
dos alemães aconteceu em 1943, eles foram derrotados pelos soviéticos na
Batalha de Stalingrado que permitiu a virada dos Aliados sobre o Eixo, após
isso os nazistas foram expulsos do território da URSS e sofreram mais derrotas
nos combates contra os soviéticos que libertaram vários países que eram
ocupados pelos nazistas. Esse feito culminou com vitória da URSS frente a
Alemanha na Batalha de Berlim em 1945.
Após esse
ocorrido, foi determinado em 1945 na Conferência de Potsdam que a parte
oriental da Alemanha ficaria sob domínio da URSS. Em 1949, foi fundada a RDA,
momento que essa nação sofreu uma sovietização na política, economia, educação,
saúde, tendo forte repressão e outros. Em 1989 terminou a RDA, e em 1990
aconteceu a reunificação alemã. Entretanto, o ex-alemão oriental sentiu saudade
da RDA porque na reunificação foi imposto um capitalismo “agressivo”
(privatização, desemprego, aumento dos preços etc) que tirou a estabilidade do
antigo morador da RDA.
Em conclusão, a RDA era um capitalismo estatal com alguns benefícios da Revolução Russa de 1917 – saúde e educação pública, emprego para todos, direito trabalhista e outros, a vida não era boa, mas o capitalismo é tão ruim, que o ex-alemão oriental sente saudade daquilo que não era bom, a RDA.
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